Faz hoje exatamente 2 meses que decidimos que
independentemente da decisão do Governo em relação ao fecho das escolas, os
nossos filhos não iriam continuar a ir.
Volvidos 61 dias continua a parecer-me a decisão mais
acertada. Por isso vejo com apreensão a reabertura das creches e ATL.
Então, a primeira medida a ser implementada não é a última a
ser levantada?
Estou-me a imaginar de máscara, luvas, gel desinfetante a
deixar as crianças de 2 e 4 anos na escola, enquanto a de 6 tem que ficar
confinada em casa. Porque haveria eu de por em risco a saúde de toda a família?
Consigo compreender as questões economicistas por trás destas decisões. As
famílias precisam de retomar o trabalho e o seu rendimento. Precisam de por a
máquina financeira a funcionar.
Mas e então o que acontece às famílias com crianças entre os
6 e os 12 anos? Ficam em casa, pois claro.
E o que estamos a fazer não mover a economia? As compras na
peixaria do bairro, no talho da esquina, na livraria que vem trazer os livros
de biblioteca, na sr. Maria que faz máscaras para crianças, ou a D. Susana que
vende flores e brócolos? Estas pessoas não fazem parte da economia? E todas as
mães e pais que ficaram acantonados em casa, e que assim continuarão? Afinal
não somos todos cuidadores informais? Somos, mas somos um pauzinho na
engrenagem da finança.
Uma vez li um artigo de uma jornalista, que ao ser mãe se
viu confrontada com a impossibilidade de trabalhar (nos EUA) e mais tarde com o
facto de não ter poder económico para colocar a criança numa creche. Tendo a família
decidido que ela seria a fiel depositária da educação da criança e dos cuidados
da casa, calculou-se o valor horário do seu trabalho e ela passou a ser
remunerada pela família pelas horas dedicadas ao cuidado dos filhos.
Gostaria de saber muito honestamente se nós, mães a tempo
inteiro, damos valor ao nosso trabalho? E qual o valor desse trabalho?
Como dizia uma amiga, um destes dias: hoje já ninguém se
pergunta o que faz uma mãe a tempo inteiro? Mas a pergunta é: quanto vale a tua
hora?