sexta-feira, 18 de maio de 2012

Campeonatos de surrealidade

Estamos a falar de um país cuja segunda principal causa de morte é a estrada.
Não que ela desabe, ou o traçado seja perigoso ou nos engula, mas porque simplesmente há demasiada gente perigosa nela.
A seguir à Malária, os acidentes de viação são a segunda causa de morte em Angola. Considerando que é surreal morrer de paludismo no século XXI o que pensar destes números da estrada? Mas adiante, não se trata esta a questão.
Já assisti a acidentes que contrariam todas as leis da física e que nem respeitam a lei da gravidade, já assisti a mais atropelamentos mortais em 5 anos que nos restantes 30 da minha vida. Mas adiante.
Não deixo de me surpreender quando ouço na rádio que em Menga, Município do Wako Kungo, houve um embate frontal entre um camião e uma toyota Dyna.
Deste acidente resultaram 37 mortos e 11 feridos. Conclusão, o motorista do camião ia demasiado depressa. A minha pergunta é: porque é que ninguém se questiona porque estavam 48 pessoas na caixa de uma Dyna?
Como alguém muito sábio disse: "aqui morre-se à toa porque se quer!"

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Campeonatos da Surrealidade

Decidi dedicar os próximos capítulos ao que chamo Campeonatos de Surrealidade.
Por poder parecer algo que não, passo já a explicar: é o termo que aplico à realidade Angolana. Todos os dias tenho campeonatos da surrealidade para participar.
Então aqui fica o primeiro.
1. Passeio em Benguela, Sábado de manhã depois de uma semana de cão de trabalho, uma gastroenterite e vários kilos de pão ingeridos, decido sair de casa para tomar um café.
Enquanto percorro a marginal de Benguela, observando as belas casuarinas da Praia Morena ansiando que o Porta-aviões estivesse aberto às 9:30 da manhã. Enquanto absorvia todo o silêncio matinal, começo a ouvir um som irritantemente familiar. Parei para melhor escutar: sim, é verdade, era o som das carrinhas Family frost. Aquelas que incendeiam os Verões em Portugal e que me perturbam até à exaustão.
Sim, esse famigerado furador de tímpanos (sei que estão todos a trautear a mela melodia). Fiquei à toa, sem perceber de onde vinha, a querer fugir do som diabólico quando me apercebo que o som vinha de uma geleira com rodas empurrada por um vendedor de rua. Sim, uma dessas de venda de bebidas frescas e gelados...
Estupfacção e medo, caríssimos. Por isso vos digo, debaixo da mais pequena pedra vem o perigo!