Sei que já passou o tempo: dia 11/11 já foi. Mas vale sempre a pena falar sobre ele.
Não sei se tem a ver com a repetição dos números, mas coisas realmente especiais aconteceram nesse dia. Também na minha vida.
Em primeiro lugar, se não fosse 11 /11/1975, talvez eu nem existisse... mas por vezes gosto de pensar que fui fruto de uma Revolução.
Antes disso, o meu pai (na altura em que ainda não era meu pai), escondia livros e coisas proibidas em lugares mais ou menos escondidos, e a minha mãe, andava a passear no kimbo com bandeiras. Ambos ficaram depois de 1975, por acrediraem que havia um futuro para a sua terra.
11/11/1975 é a data da independência de Angola. É uma data que sempre desconsegui (fui angolana o suficiente), de perceber. Mas então, a independência já não tinha sido? Eu sei que tudo tem a ver com quem içou a bandeira mais alto, com quem resistiu mais, com quem prevaleceu. Não é arrepiante, ver a nossa bandeira a subir?
Eu consigo imaginar o cenário... não o conseguirei nunca viver, porque nasci 16 meses mais tarde, quando a estação das chuvas já começava a morrer.
Mas sempre que penso nisso, penso na figura de Agostinho Neto.
Segundo a minha mãe, não se podia sair de casa nesse dia, por causa dos tiros...
Sem olhar para o lado histórico, também gosto desta data porque me lembra o S. Martinho e as minhas adoradas castanhas assadas com um bocadinho de manteiga, como a minha avó me ensinou.
Quando era pequena, a minha avó fazia-me castanhas e ficava a ver-me comer. Eu adoro castanhas... ficava sempre com a barriga a doer, mas tão contente.
Há todo um conjunto de memórias que me conduzem a esta data que realmente concluo que deve ser mesmo importante na minha vida.
Felizmente aqui é feriado, mas na rua não cheira a castanha assada.
Que saudades