quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Vida no Huambo (parte XXX)

Os meus assíduos leitores (a quem devo desde já dizer que sobejamente agradeço e aprecio a persistência) já deviam estar a estranhar tanta calmaria em terras Huambianas.
A verdade é só uma: falta de tempo para escrever mais, estar mais, ser mais... enfim, os dias passam a correr e as aventuras e desventuras da Diuska cá se vão sucedendo, sem tempo para reportá-las num ecrã de computador.
Como não podia deixar de ser, na senda do programa por mim instaurado e nomeado "porra de vida!", claro que já acordei sem água esta semana!
Abro a torneira da água fria, nada. Silêncio...
abro a torneira da água quente, nada. Um som gutural, parecido com aquele que o nosso estômago faz quando estamos cheios de fome. Sim mais ou menos isso.
Há que ligar para quem de direito, tentando moderar o tom... Fui tomar o pequeno-almoço e esperei.
Passados 15 minutos chega o camião da água. A bomba do camião estava morta e nada parecia ser capaz de a ressuscitar. NÃO!!!!!
Mas com a ambição dos desesperados, lá começou vacilante a encher o depósito de 2.000L que abastece uma casa superpovoada.
Finalmente podia tomar banho.
Abro a torneira da água quente: NADA! Esqueci-me que temos cilindro...
Avanço na água fria (!"$%&()/&%/)=?=?@£), dou uns gritos na banheira e aventuro-me a molhar a cabeça.
Isto quando de repente a água começa a sair por apenas dois dos 1.000 orifícios do chuveiro... estava entupido. E com quê? Terra muita terra... tanta terra que me senti na tentação de partilhar aqui o meu espanto e admiração.
Aqui vão mais umas imagens do que pode ser a vida no Huambo.



sábado, 20 de setembro de 2008

Janelas





Quando tenho saudades, basta apenas olhar pela minha janela para estar em casa.



quinta-feira, 18 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Não há Festa como esta!

Não há Festa como esta! É o slogan que se lê em todos os cartazes, t-Shirts, stands, etc.
De facto é verdade. E a verdade tem que ser dita, senão perde a sua validade.
Ali estamos num espaço no qual a utopia se torna a realidade e onde toda a gente se trata pelo mesmo nome: Camarada! Isto até é bom, porque quando não nos conseguimos lembrar do nome de alguém, basta gritar camarada e resulta.

Aqui trabalha-se para um colectivo. Todo o trabalho é voluntário e melhor que tudo isso é que todos esperam por estes dias para trabalhar com gosto, vigor e um enorme prazer. Isso vê-se nas caras de quem faz esta Festa, mas sem se queixarem, sem acharem que é de mais, todos trabalham com um sorriso nos lábios, ao mesmo tempo que trauteiam uma música interdita.
É um espaço de solidariedade, de igualdade, fraternidade, encontros, abraços, punhos no ar erguidos, que nos fazem lembrar que há um porto de esperança ao qual nos podemos agarrar.
Há sempre alguém que nos dá um abraço quando nos faz falta, sem termos sequer que pedir.
São 3 dias de Festa, é verdade, o resto do ano são de luta para quase todos. Mas durante 3 dias esquecemo-nos que há um conjunto de adversidades lá fora, que a luta tem que ser contínua, que o empenho maior que o tempo e que nunca, mas nunca, se desiste. Durante 3 dias, muitos são os que sentem que o seu sonho se concretiza. 3 dias apenas, quem dera que outros desejos da nossa vida se pudessem concretizar assim.
É um espaço de mobilização. Ao sentir o poder avassalador da Carvalhesa, uma música que consegue fazer com que uma multidão de dezenas de milhares de pessoas comecem aos saltos, percebe-se do que é feita esta gente. É feita de esperanças de um mundo muito melhor.
Nem a persistência da chuva (que só deu tréguas por volta das 23:00) fez desmobilzar.
Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não (como diz numa canção).

Faz-nos ver que sim é possível, um mundo melhor! E sim, é verdade, isso assusta muita gente.
Por isso se assiste ao ultrajante tempo de antena que a TV dá este evento, que é mais importante em Portugal, e se pensa: porque não se mostra a verdade?
A Luta Continua!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Desde que parti de Luanda que a vida tem sido um corropio.
Em primeiro lugar a fila de 4 horas de espera para fazer o check in. A culpa era irremediavelmente do Sistema. Acho que isto tem a ver com a cultura e herança portuguesa... O sistema é sempre a justificação para todas as situações, até para o Sporting vejam lá.
Depois da penosa fila no aeroporto 4 de Fevereiro, que para quem conhece dispensa a descrição e para quem não conhece é escusado ficar a saber, resolvi gritar com o sr da Enana e com o sr. da TAP. Isto foi um erro crasso e já vamos perceber porquê.Entro para a sala de espera e uma mole humana ocupava todo o espaço útil. Havia mais dois voos... a fila para a declaração de bens... passei-a ao lado!
Depois, certas e determinadas pessoas resolveram descolar de Luanda e tiveram que encerrar o espaço aéreo... mais duas lentas e inesgotáveis horas. E eu a pensar no meu caril de camarão. Felizmente há quem vá mandando umas mensagens de alento para animar a espera.

Vai e não vai eram 13:30 quando avião iniciou a decolagem... eu já dormia há mais de 1 hora sentada no meu lugarzinho... nem houve quem me acordasse (sortudos).

Passadas todas as horas cheguei ao aeroporto Sá Carneiro às 23:15 ze sem mala.
MAKA!! A mala desapareceu algures durante o percurso... não me admirava que tivesse sido o sr. da Enana ou o sr. da TAP... desabafos à parte já eram 24:00 quando saí cá para fora para ver um cartaz e a família à minha espera. Mãe, irmãs, primos, primas, tios e tias!
Lá tive que falhar ao convívio do caril de camarão, mas não desisti dele. Antes de me deitar ainda comi uma pratada dele e uma fatia de tarde de leite condensado.
Entretanto, aproveitei para ver amigos, família, avós, primos da Figueira, amigos... e claro um leitãozito na Mealhada e a sopa de feijão da Avó Dores (e o salame de chocolate). Já comi tanta coisa que nem sei, mas ainda me faltam fazer outras tantas.
Adeus, tenho que ir aproveitar o tempo.