domingo, 29 de junho de 2008

Pensando em África

Quando pensamos em África, o que idealizamos nós? Quais as primeiras imagens que nos vêm à cabeça?
Um safári no Quénia, as ainda neves perénes do Kilimanjaro, um leão a caçar uma pacaça, uma mulher esquálida a dar de mamar ao filho, crianças de barrigas inchadas pela fome brincando no meio do lixo...
Sim, tudo isto nos lembra África, mas o que é realmente impressionante? O por-do-sol e os meandros.





Quando se vê África do espaço é realmente marcante. Lá de cima onde não se distinguem as assimetrias, a não ser as dos vales com as montanhas, a terra com a água, o fogo com o capim.


Nos meandros, o despontar da vida no espaço verdejante que se cria em torno da água.
Mas no fundo os rios são como a vida: ora calmos, nos meandros onde se espraiam, ora tumultuosos e aguerridos.

África é realmente parecida com a vida.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Trás-os-Montes


Que saudades... do cheiro da alfazema, dos figos, das vinhas e da urze.
Saudades da cor do xisto quando bate o sol, dos montes, das oliveiras e do meu sobreiro.

Só Trás-os-Montes cheira assim, cheiros que nos lembram a infância.
Obrigada Tânia

Velhos novos amigos

Angola permitiu-me reconstruir um pouco daquilo que foi o passado dos meus pais.
A primeira impressão que tive foi a de tentar reconstruir Luanda, uma cidade que tinha imaginado milhentas vezes, e ver se as peças do puzzle se enquadravam com as das minhas memórias criadas através de estórias.
O Baleizão, a praça José Anchieta, a Av. dos Combatentes, o Kinaxixi, a ilha, o Mussulo, e tantos outros locais que sempre existiram na minha imaginação, também eles alimentados por Agualusa, Pepetela, Ondjaki...
Ao chegar, tornaram-se reais para mim. Só foi preciso reconstruir mentalmente uma cidade inteira.
Outra fase foi o reencontro de alguns amigos dos meus pais que só existiam em nome. Agora tenho a possibilidade de encontrá-los em pessoa.

O melhor é ouvir as estórias que os nossos pais nunca nos contam.
Tudo começa com "lembras-te daquela vez em que..." ou então "és parecida com a tua mãe", e isso faz-nos sentir em casa.
Agora só falta vocês cá virem para completar a última peça do puzzle que ainda está em falta.

domingo, 15 de junho de 2008

Futebolada II

Bem na senda da anterior edição, eis que nos juntámos para mais uma sessão de futebol.
Desta vez foi em minha casa.
Preparados estavam os aperitivos e algumas coisas para petiscar: jinguba, tremoços, tarte de vegetais... regados com cuca. A receita para o sucesso.
Rapidamente percebemos que íamos ganhar o jogo. Para além dos insultos do costume: "Oh Simão, pareces um pombo", com o coro por trás "corram meus bananas" entre outros adjectivos menos próprios, os nervos, traduzidos em máquinas de triturar jinguba, iam-se acalmando.
Foi mais uma noite em "família Tuga" em directo do Huambo.

Claro que depois houve direito a farra até mais tarde, mas com moderação porque o dia seguinte era de trabalho.
Só nos resta fazer prenuncios para hoje.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Futebolada!

Quando foi o Euro 2000 estava emigrada em França. Vi Portugal perder com um triste penalty marcado por Zidane. Em compensação a minha amiga Simoneta dizia "Não te preocupes os portugueses são mais bonitos", enquanto perguntava quem era o João Pinto. Foi nesse momento que eu perdi toda a esperança...
Nessa altura ainda não tinha acontecido o Euro 2004 e eu ainda não tinha sido assolada por esta febre da selecção Nacional, por isso não senti muito o facto de estar fora de casa.
Este ano é diferente, já aconteceu o Euro 2004, e encontro-me no meio de outros 150 portugueses que têm um desejo avassalador de ver a selecção ganhar.
No Sábado, à hora marcada, lá estávamos nós, uns mais bem equipados que outros (ainda não me deu a febre das bandeiras e cachecóis, com pagodes onde outrora existiram castelos), preparados para ver a selecção dos Tugas a jogar.



(O aquecimento)


Foi uma emoção! Um ecrã gigante e um plasma, para os diferentes gostos, animou a malta.
Estava frio, muito frio, uma noite típica do cacimbo do Huambo. Mas a noite foi aquecendo à medida que a adrenalina subia e os golos somavam no contador…




(a confiança do 2º golo)



( o 2º Golo!)



A Portuguesa cantada de pé, bandeiras e cachecóis em riste e muitos gritos de emoção… eu só dizia, como me ensinou o meu pai “corre coxo, corre!”. Sou uma filha muito bem-educada.
Depois aproveitámos o espaço e a animação para prolongar a festa até à 1:00. Dançar, cantar e beber mais umas cervejitas, é o que é preciso para animar a malta quando se está a 7.000km de casa.


(a vitória foi certa!)





(os festejos da vitória)

Isto tudo porquê? Porque foi bom ver um jogo da selecção longe de casa.

Agora, esperemos que para o S. João haja sardinhas.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Os uns e os outros!

O que torna os dias diferentes? A resposta será óbvia, aquilo que não os torna iguais…
Será isso concretamente o quê? O estado meteorológico ou o estado mental, o leite estragado de manhã, ou o doce de ginja à sobremesa, um dia de praia ou um dia de trabalho…
Os antagonismos são muitos e por isso facilmente identificáveis.
No Huambo só há duas estações: a das chuvas, que já acabou, e a estação seca, que começou agora e que perdurará mais 6 longos meses de duro Cacimbo. Ininterruptamente, 6 meses sem chover.
O que fazer ao longo de 6 meses em que todos os dias são iguais. A receita é antiga e eficaz: quebrar a rotina.
Há muitas e diversificadas formas de o fazer, por vezes basta um abraço, ou mudar de latitude e altitude outras vezes há que basta ver o mar.
Tudo isto junto é um remédio que cura todas as doenças. Se a tudo isto aliarmos um sorriso, então é felicidade para a vida inteira.
Às vezes, antes de entrar no avião, pensamos: mas afinal o que vou lá fazer, para descobrir no momento imediatamente antes de aterrar que temos a certeza absoluta de que se trata da coisa certa a fazer.

Difícil é voltar à realidade: à falta de sorrisos, de abraços, de mar.
Mas o barco vai descobrindo o caminho a seguir, traçando a sua rota, contra as adversidades da vida e descobrindo que quando se fecha uma porta, abrem-se às vezes outras.

Claro que os sorrisos, abraços e mares nunca serão os mesmos… mas serão certamente inesquecíveis e alimentar-nos-ão a saudade.

Beijos para quem me dá sorrisos, abraços e mar!