sábado, 24 de novembro de 2007

O Gerador

Estou muito feliz: Já tenho um gerador em casa!!!
Vejam como fica bonita iluminada!

É assim que aprendemos a dar valor às pequenas coisas da vida, às mais subtis e curiosas diferenças. Aquilo que à priori é tido como um dado adquirido, aqui é algo pelo qual tens que lutar incessantemente, tal como um gerador.
Ao fim de alguns meses de suspense e de ter como companhia em casa um gerador jurássico, capaz de emitir ruídos tais que parece que o mundo vai desabar, eis que um dia chego a casa e a vejo toda iluminada. E penso, com regozijo, "que estranho fez-se luz"!
À boa moda Angolana, este será mais um bom motivo para celebração, por isso é preciso comprar umas cucas, pô-las a gelar na geleira, comprar uma jinguba torrada e fazer a festa! Todo e qualquer motivo é um bom motivo!
No fundo, as ilações que podemos retirar é que as coisas passam a ter uma importância relativa, umas ficam esquecidas, as outras tornam-se vitais para a nossa sobrevivência. Nunca pensei ser possível ficar eufórica e com desejo de entoar um hino triunfal pela simples visão de um gerador no alpendre da casa, ou pensar como o dia correu tão bem que até tenho água a correr na torneira!
Estas são as pequenas belezas de África, não são só as cores, a música, os cheiros e o sol, mas também as lutas de cada dia para sobreviveres e nunca saberes como o dia vai terminar.
Por isso te bates, lutas, pelejas e vives por tornar todos os momentos naquele momento.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Em busca dos Eduardos Perdidos

Domingo chego a Luanda, com a minha trouxa de viagem, desafiada pelos Eduardos que com dificuldade me comunicaram no dia anterior, num telefonema dúbio e curto “Amanhã quando chegares a Luanda vem ter connosco à Barra do Dande”. Pensei eu, a Barra do Dande só deve ter um sítio…
Pois bem, confiante de que seria mais um Domingo memorável, depois de ter sobrevivido a mais uma viagem aérea, desloquei-me para a Barra do Dande em busca dos Eduardos perdidos.

Para ir para a Barra do Dande sai-se de Luanda em direcção ao Norte, Cacuaco, e percorrem-se cerca de 50 km, em apenas de 1 hora de viagem.
Chegados à dita Barra, eis que nos deparámos com mais infra-estruturas que as que inicialmente pensávamos serem possíveis naquele local. Rede de telemóvel é algo que ainda não existe no compêndio gramatical local, por isso há que por pernas a caminho. Após uns desvios e alguma pesquisa localizada, decidimos abortar a aventura e montar o acampamento na praia.
O local é espectacular. Palmeiras a perder de vista, areia branca, água quente embora um pouco amarela devido à fúria do rio ao entrar no mar, uma esplanada com mesas de madeira e guarda-sóis de palhinha. Os cenários a que nos habituamos em Angola.
Pensei para mim “isto sim é qualidade de vida!”.
Estendemos as toalhas no areal enquanto decidíamos se íamos almoçar e entrámos de cabeça pelo mar adentro. O único factor que te faz sair da água é a Osmose, os dedos ficam encarquilhados de tanto tempo lá dentro.
O Sol estava espectacular e assim fiquei mais um bocadinho morena, mas não tanto assim que dispense mais uns dias de vida dura e difícil ao sol. Infelizmente este foi o meu último dia de praia do ano…
Foi uma tarde espectacular, cheia de boas surpresas e momentos deliciosos. É isto de que a vida deveria ser feita todos os dias! De pequenas surpresas…
Claro que não podia correr tudo bem e por isso ainda furei um pneu… mas com a ajuda de uma Hiace conseguimos mudá-lo sem maka, porque não demos com o macaco (mas não vamos voltar a esta velha questão).
Para terminar a noite em pleno ainda fui multada por 6 polícias. Não vos vou descrever as peripécias e discursos que uma empreitada destas acarreta, porque perderíamos a paciência e o amor-próprio. São estas situações que às vezes nos fazem pensar “mas que raio estou eu aqui a fazer?”. Mas se ssim não fosse não teria material para vos contar… é isto que torna a vida mais animada, colorida e apetecível.
Mais uma corrida mais uma viagem, fim-de-semana para ganhar coragem!

Como não podia deixar de ser, agradeço ao Alexandre pela paciência de me aturar uma tarde inteira e deixo-lhe os créditos das fotografias. Obrigada por tudo!
Aqui fica mais uma pequena recordação de Angola.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Darwin e as Mulheres

Segundo a teoria de Darwin, altamente revolucionária e controversa em 1859 e publicada em “A origem das espécies”, a evolução realiza-se através de um processo de selecção natural.
Com esta teoria davam-se os primeiros passos naquilo que constituiria uma evidência da evolução do Homo Sapiens, de um elemento comum dos macacos. Se a semelhança fisionómica era notória há 2 séculos atrás, hoje em dia, com a evolução da técnica, encontra-se cientificamente demonstrada a semelhança genética entre o Homem e o símio.
Se pensarmos que houve um elo perdido, o tal que não nos permite saber de onde vimos exactamente, conseguimos compreender na íntegra toda esta teoria que passarei a explanar.

Talvez por ser mulher, me seja mais difícil explicar uma coisa que entendo tão bem: a predilecção da mulher pelo macaco! Não vamos entrar em grandes pormenores, mas convém especificar que se trata de um macaco muito particular: o hidráulico. Aquele maravilhoso artefacto, filho da evolução do automobilismo, que nos torna a vida muito mais agradável.
Perguntam-se porque me encontro eu a escrever sobre este mui nobre assunto? Depois de ter passado um fim-de-semana a ver uma mulher agarrada a um macaco hidráulico, enquanto todos os homens (machos) olhavam, só consegui entender este fluxo de informação através da explicação dada por Darwin. Ainda que formulada há 148 anos, parece-me que continua a ser perfeitamente actual, com as devidas rectificações introduzidas pela ciência moderna e pela chegada do Homem à Lua (segundo dizem). Na minha opinião, trata-se do despertar do mais recôndito instinto maternal, escondido, negado mas que no fundo está sempre lá. Trata-se, portanto, da manifestação de um acto de afecto e carinho, ao bom estilo feminino.
Por outro lado, poderemos dizer também que a mulher escolheu o melhor exemplar, deixando o vulgar macaco mecânico abandonado.
Não obstante esta profunda análise, há que fazer o reparo ao lado masculino. Darwin pode também explicar este fenómeno.
Estando a mulher a tomar conta do macaco, eis que o macho resolve, não só intervir mas também concorrer, colocando outro macaco, de espécie inferior (o tal mecânico). A isto de se chama competição, meus caros, e a ciência explica isto de uma forma exemplar.
Como se pode observar pela imagem, há um conjunto de homens a tentar manipular dois macacos, enquanto a Fêmea consegue, é capaz e obtém o que necessita, apenas com um. No entanto, soube escolher o melhor!
Em suma, sem grande esforço a mulher conseguiu alcançar os seus objectivos, estudando bem a situação, analisando de que forma iria atacar o problema e obtendo a melhor solução técnica. O homem teve que fazer mais um pouquinho de esforço.
A isto se chama a Evolução da espécie. Meus senhores, têm muito que correr para não ficarem para trás.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Soube-me a pouco

Não sabe sempre a pouco, quando estamos bem? Acho que esta música nos traduz muitos dos sentimentos que vivemos aqui no dia-a-dia e também os que sentimos quando voltamos a casa. É sempre com um brilhozinho nos olhos que fazemos novos amigos, que ganhamos as batalhas, que olhamos para o céu e o vemos estrelado como em nenhum outro local, que vemos o pôr e o nascer-do-sol com cores que nunca pensámos antes possíveis de existir. Assim são as nossas recordações de Angola. Fica aqui uma recordação (quem se lembra deste concerto?), que nos sabe sempre a pouco.


sábado, 10 de novembro de 2007

Quiz Show II

Parabéns Rita, foste a feliz contemplada com um


XI CORAÇÃO
deste lado do Planeta.
Para a tia Filó e para a Prima Susana fica também um beijinho.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quiz Show

Vou-vos lançar o repto de entrarem num pequeno concurso.
Vamos supor que este é um daqueles blogs para promoção de viagens. O concurso trata-se de analisar quem tem melhor memória visual tentando adivinhar onde fica e o que é este edifício. Não chega só dizer o que é, porque muitos sabem!
Quem adivinhar tem um prémio.






O feliz contemplado ganha um xi coração desde o lado de baixo do Equador!!!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Viagens na minha terra

Há uma palavra no dicionário português que eu adoro. Ainda que esta palavra esteja em vias de extinção aqui em Angola, por vezes ocorrem conjugações de factores que acontecem para nos tornar a vida melhor. E a palavra é fimdesemanaprolongado. Sabe tão bem dize-lo, como gozá-lo.
Partimos na sexta-feira, às 04:30, com a mala atulhada com colchões, arca térmica, guitarra, toalhas de praia e um conjunto de coisas que não interessam a ninguém, mas que fazem parte de qualquer viagem que se preze.
Saímos em dois carros, iguaizinhos, rumo a Benguela. O trajecto faz-se por terras distantes e pelas quais não temos vontade de passar muitas vezes, mas ainda assim o objectivo traçado era o de chegar. A viagem é acidentada e apanhamos pontes semi-construídas, outras semi-destruídas, buracos onde cabem dois carros cheios de água e lombas, muitas lombas…

A única coisa que sobra é a paisagem, toda ela a perder de vista.

(km 30 à ida)
Como bons tugas, parámos para saborear o nosso principesco pequeno-almoço, lá para as 06:00. Que bem que soube o respasto da melhor qualidade, um copinho de água e uma sandocha de “la vache qui rit” e uma fatia de goiabada. As cervejinhas foram para mais tarde… reservamo-nos para o melhor do trajecto.


Depois de uns atribulados 350 km e 8 horas de deambulação, chegámos a Benguela. Chegámos, vimos e vencemos! fomos à praia ao Lobito e eis que de repente ao longe se vê uma baleia a passear. Que sensação! É inacreditável. Depois de mergular naquelas águas tépidas e desfutar da luz do sol para nos tisnar a pele... foi a cereja em cima do bolo.
Benguela é a cidade das Acácias Rubras. Em tempos deve ter sido deslumbrante, agora encontra-se rodeada de musseques, que se perdem no horizonte e se confundem com a paisagem. Chegas a um ponto que pensas estar na Cisjordânia ou na Faixa de Gaza. Todas as casas parecem enclausuradas na paisagem, como se dela fizem parte integrante. Imaginem-se num cenário Star wars.

No Sábado fomos para a Baía Azul e a Caota, que são duas praias em Benguela. A água estava maravilhosa e as praias são de tirar a respiração. Mal chegaste já tens vontade de voltar! Um dia de praia completo e sem apanhar escaldão! Fantástico.
Fomos nado até uma praia completamente deserta. Quantas vezes poderás faze-lo na vida?


(Caota) (Baía Azul)


Domingo foi dia de regresso, também ele atribulado, como não seria de esperar outra coisa.
Parte dos nossos companheiros rumaram para Luanda e nós para Huambo.
Toda a parte nocturna da viagem foi acompanhada por uma trovoada espectacular. Os raios caíam do céu em toda a parte e de todos os lados. Tanta energia desperdiçada…

Ao chegar a 30 km de Huambo deparámo-nos com uma ponte caída. Tivemos que voltar para trás e percorrer mais duas horas de caminho. Às 24:00 é um desespero! Só me apetecia gritar, só de pensar nos buracos que tinha que fazer para trás.

Mas todo a sacrifício foi compensado por um fim-de-semana fantástico.
São estes pequenos prazeres que alimentam a vida.
Aqui fica a minha reportagem e o meu contributo.


(km48,8 no regresso)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

De malas "avisadas"

Estou de partida, para Benguela. Não vou muito mais além, mas vou em direcção a Oeste. Nem sempre é bom, porque é onde o sol se põe, mas também é verdade que lá existe uma coisa chamada Oceano Atlântico, que dizem ser de uma beleza inigualável! Vou aproveitar as areias brancas, a água tépida e os golfinhos como pano de fundo, para gozar daquilo que a vida tem de melhor. Pode não ser muito, apenas dois dias, mas é melhor que a praia da barragem. Quando voltar, me aguardem, que vou contar-vos as mais refinadas e rebuscadas peripécias. Bom fim-de-semana...