segunda-feira, 29 de junho de 2009

Noutro dia diziam-me para escrever mais, assim matam-se mais saudades, assim passamos o tempo mais depressa.
Nem sempre disponho do tempo que queria, nem sempre acontecem coisas dignas de serem escritas.
Mas para agradar a malta aqui vão umas histórias engraçadas.
Estes dias tenho andado a distribuir Equipamentos de protecção individual (vulgo EPI's). Tal acontecimento não seria digno de tal nome se não estivessemos em Angola.
Aqui as pessoas usam os EPI's, mas não para trabalhar. Para ir para casa, para ir à missa ou simplesmente para ir andar de mota.
Estava eu a entregar uns EPI's quando vem um trabalhador à minha beira e diz:
"inginheira o que eu quiria memo era um cápaceti!" ao que eu respondo "para quê. o Sr. não anda dento de um camião?".
"é que é ainssim inginheira, o coiso também tem um, e eu priciso memo". e eu a insistir com o facto de que dentro do camião não é preciso capacete... quando finalmente ele diz, a olhar para a biqueira dos sapatos "prontos, era memo para andari di mota"...
Ou então há versão de que o capacete é mesmo bom para proteger do sol...
Também há quem goste mesmo das luvas porque as mão ásperas não servem para fazer festas nas damas...
Têm sido uns dias animados!
Também nos apercebemos que a importância que as coisas têm na nossa vida, são atribuidas por nós.
Como dizia Ary dos Santos "Há que dizer-se das coisas o somenos que elas são"...
Para quem teve tudo, nada parece importante, mas para quem nunca teve nada, o reconhecimento lembrança pode valer pela vida.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Compras...

Afinal aqui também se compra.


E há empregadas nas lojas (quando há lojas) que são verdadeiros desafios... Temos que ter paciência e perseverança...

(a carteira do mercado do Soyo)


Os sapatos do fardo (Huambo)

sábado, 13 de junho de 2009

Guerra e Paz

- Sabes o que me faz mesmo impressão? É a loucura - dizia T para N e E, numa conversa sobre a tristeza humana.
- Incomóda-me a pobreza, mas a loucura... - acrescentava. Ainda outro dia vi uma miuda, novita, louca, completamente nua...
E respondeu com a pergunta: sabes o que lhe aconteceu? foi violada e já ficou assim.
São milhões os pobres em Angola. São milhares os loucos. Avançam sobre uma sociedade silenciosa e pactuante. É demasiado doloroso lidar com essa realidade. O que fazer com todos os despojos da guerra? Ninguém quer responder a esta pergunta. Chamam-lhes danos colaterais.
São crianças sem rosto que vivem na rua e snifam cola e gasolina, adultos que perderam a identidade no meio da loucura em que Luanda se tornou, homens e mulheres chamados X.
Todos nos esquecemos deles, porque sabemos quão terrível pode ser o nosso fim.
Este é o tipo de pobreza mais cruel, pura e dura, sem subterfúgios e máscaras, aquela que ninguém consegue esconder.
Resta a pergunta: o que vamos fazer com os nossos loucos?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A música dos nossos dias.

Posso dizer que ainda sou do tempo em que os pais perguntavam se as cassetes não estavam mal gravadas ou se o cano de escape estava a bater no chão. Sim, sou do tempo em que apareceu aquele estranho movimento musical intitulado Grunge.
Já passaram muito anos, 18, depois que uns senhores guedelhudos, com ar de surfistas, mas com leggins dentro de calções e camisas de flanela começaram a cantar canções um tanto ou quanto ruidosas e mal amanhadas, mas que adorávamos.
De repente as rádios foram invadidas por sons diferentes, como se estivéssemos a ouvir uma outra frequência, e os adolescentes correram a deixar crescer os cabelos! Que tempos maravilhosos.
Foi aí que a malta começou a ir buscar as camisas de flanela dos pais (o meu pai tinha uma giríssima roxa, azul e verde da qual me apropriei de imediato), as doc Martens (e subsidiárias) tomaram conta dos pés dos adolescentes. Ainda me lembro de uma camisa da minha prima, que era bordeaux, cinzenta e branca: era giríssima!
Quer se queira quer não há o cenário musical antes e depois de “never mind”. Nessa altura começou a ser possível comprar discos (de vinil claro) nas discotecas locais, apareceu o “vira o vídeo” onde desfilavam nomes sonantes do mundo musical português: Zé Pedro dos Chutos, Xana, Flac, que nos apresentavam nomes nunca antes pronunciados.
Aí passavam sem pudor ou censura Alice in chains, Metallica, The Cult, Nick Cave and The Bad Seeds, Peal Jam, and so on… Era um regalo para ouvidos, ainda que tivéssemos que encaixar algumas músicas a martelo.
Depois era pedir ao amigo mais versado em inglês se nos escrevia as letras das músicas para cantar de cor, gravavam-se cassetes com as mesmas músicas repetidas até à exaustão.
Pais em delírio gritavam: mas vais com as calças rasgadas para a escola? A gente saía com o caderno a tapar o joelho, quando era nos dois era mais difícil de disfarçar.
Bons tempos…
Isto porquê? Porque há uma fiel amiga que me diz que arranja um MP3 cheio de músicas giras.
Bom, eu não quero! Estás louca? Eu quero o meu Nick, a PJ, o Ian, o Eddie de volta.
Claro que há sempre outros discos que podemos por no lixo, porque já foram gastos e já chateiam. Não vou ouvir muito a mesma música, não te preocupes.
Também quero dizer que me chateio de ouvir músicas muito longas. Adormeço a meio de Led Zeplin ou de Doors, mas nunca me canso de ouvir uma musiquinha de dEUS que demore aí uns 30 seg…
É a idade.
E era aqui que eu queria chegar e é também aqui que vou ser ostracizada e crucificada. Quando apareceu o grunge surgiu aquele conceito de que: fazer as coisas simples é que é complicado. Meus caros isso era uma desculpa esfarrapara para justificar o facto do Kurt Cobain só conhecer 2 acordes, assim como vocês aos 14 anos.
Música boa é mesmo aquela que não demora mais de 2 minutos. Vá se lá saber porquê e não se fala mais nisso.

sábado, 6 de junho de 2009


A Vida não é bela?

Para os amigos do Soyo, desculpem lá qualquer coisinha, mas têm é que conhecer o Huambo.
(nota: este mar não é no Huambo...)
Ora bem...

Então, para animar as hostes, resolvi ouvir uma musiquinha animada e engraçada.

Nada de depressões e filosofias de mesa-de-cabeceira.

Aqui vai.


http://www.youtube.com/watch?v=_piSc0NMKGk


E "prontos" não se fala mais nisso