Vou contar a história sobre um país que existia na minha memória e desapareceu.
Durante anos planeei uma viagem monumental ao Peru. Não que fosse a primeira opção na América latina, mas parecia a mais plausível.
Durante anos plantámos na imaginação os lugares e as pessoas relatados nas Viagens de Che Guevara (Motorcycle Diaries de Walter Sales). Engane-se quem pense que é o mesmo que vai encontrar. De mochila às costas, partimos para uma viagem que acalentou os nossos sonhos...
Nós, os europeus, criámos no nosso imaginário um subcontinente de fantasia, onde o imaginário prevalece sobre tudo o resto. Um subcontinente de aventura, revolucionário, incontestavelmente vindo do país das maravilhas, onde a autenticidade é o mote.
Quando chegas ao Peru na realidade não encontras nada disso.
Encontras sim um país onde o turismo domina todo o espaço. Um país onde te vendem a ideia de ser demasiado perigoso e onde ficas rendido ao mercado incessante dos operadores turísticos que te levam onde todos os outros vão. Chegas a ficar sufocada!
Não vês certamente o que Walter Sales te mostrou, tudo parece isento de autenticidades, excepto os bairros da lata de Lima como alguém fez questão de me lembrar. Obrigada Ricardo por não me deixares esquecer que a miséria existe.
É também verdadeiro o que se sente ao subir a Waina Picchu e ao olhares de cima Machu Picchu, ou veres o cenário de destruição deixado em Pisco pelo terramoto e até a imponência do deserto. É certamente um país magnífico, mas por favor... o Titicaca só existe na tua imaginação!
Não deixo de recomendar Paracas e as Ilhas Ballestas, Cusco e Arequipa. Tudo o resto é paisagem...