Há mais de 3 anos que abandonei o meu blog.
Há 3 anos a minha vida deu uma reviravolta que me levou a abandonar a escrita e a dedicar-me a outras funções. Há 3 anos nasceu a minha filha.
Depois dela nascer, descobri outros predicados em mim, como por exemplo, que ser mãe é a melhor coisa do mundo e que até tenho jeito. Descobri que passo muitas mais noites acordada agora que as que passei nos wild years da minha vida.
Descobri que há coisas mais importantes que o trabalho. Descobri o que é ter uma família. Descobri que afinal consigo ser uma pessoa organizada, no meio do caos de fraldas, refeições, horários, escolas e actividades.
Depois desta revolução, mudadecasamudadevidamudadeempregomudadeestadomudadeprioridades, mudámos de oceano. Continuo do lado contrário, que por acaso continuo a achar ser o certo, mas noutro país: a República Unida da Tânzania.
Um país onde há um punhado de portugueses residentes (sabe-se lá a fazer o quê) e umas centenas de descendentes de Goeses, de Damão e Diú. Pode dizer-se uma comunidade extensa, mas diversificada e bastante desagregada, que em nada se assemelha à experienciada em Angola, onde residiam cerca de 200.000 portugueses. Foi assim que perdemos o amparo da nossa rede: deixámos para trás os amigos que conquistámos nos últimos 7 anos, a casa recém mobildada, as carreiras e zarpámos. Se olhei para trás? Muitas vezes, mas aqui reconstruímos a vida, aprendemos a língua local, procurámos casa, comprámos mobília para a tornar nossa e pusemos umas andorinhas no alpendre para não nos esquecermos de onde viemos (e no princípio era o verbo...).
Por fim, abastecemos o frigorífico de bacalhau na primeira viagem a Portugal e cantamos canções do Zeca para embalar as crianças.
Agora já nos podemos sentar no sofá, olhar em redor e chamar-lhe lar.
Agora já tenho tempo para escrever. Esperemos.
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
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