O que sabia eu do Soyo? Que tem floresta, petróleo, tem o rio Congo, tem papagaios cinzentos de cauda vermelha e que a República Democrática do Congo é do outro lado do rio.
O calor é assolador, a humidade deixa o ar irrespirável, a chuva cai torrencialmente e os insectos são de enormes proporções.
A cidade do Soyo parece parada no tempo. Há um cafezito, que é o porto de abrigo dos poucos portugueses que aqui andam.
O que tem o Soyo para nos oferecer? Mais do mesmo diria eu. Numa terra produtora de petróleo, onde é possível ver as plataformas em chamas ao largo, encontramos estadas esburacadas (desculpem, buracos de onde às vezes emerge asfalto), crianças despidas, ausência de água canalizada ou de luz eléctrica, ausência de serviços, supermercados para encontrar os bens mais essenciais. Não há restaurantes nem cinemas. Não há gente a animar a ruas.
A beleza natural acaba por nos fazer esquecer o que nos rodeia, como se envolvesse toda a pobreza e decadência das ruas.
As congolesas abundam, também elas à procura do el dorado em que Angola se tornou. Na terra das oportunidades, os negócios multiplicam-se.
De facto, apenas a beleza do local, nos pode fazer esquecer toda a pobreza que aqui se vê, neste recanto produtor de petróleo (Angola é o maior produtor Africano, acima da Nigéria) as filas para o gasóleo só acontecem uma vez por semana, que é quando há. Todos lutam por 20 L desse precioso líquido para fazer funcionar os geradores que alumiam a sua vida.
O Soyo é uma imagem de um país que vive entre a Guerra e a paz. Onde os canhões da guerra, que emergem da areia, são polvilhados de crianças a brincar. É uma imagem interessante, quando todos nos parecemos esquecer da devastação a que este país foi sujeito.
Mas o progresso tem um sentido único, esperemos que seja em frente.
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