Eu vi com estes olhos que a Terra um dia há-de comer, da água brotar um arco-íris. Para ser mais precisa, não era um, eram dois.
Duas perfeitas arcadas delineavam o ar no local onde o mundo parecia estara ser engolido.
Muitas vezes penso na frase de Brecht: "do rio que tudo arrasta se diz violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem". Aqui olhei o rio a transbordar as margens que o oprimem, pensado como é brutar a força da Natureza.
Como somos pequeninos numa paisagem tão maior que nós.
Sentada no Zimbabwé, numa qualquer pedra onde antes se sentou certamente Dr. Livingstone, senti-me assoberbada por aquilo que a Natureza nos reserva.
Correndo o risco de parecer a minha avó, só me ocorria que de facto não somos nada. Que no meio do curso de um rio desponte a maior queda de água do Mundo e que depois disso o Zambezi continue a vaguear, entre meandros, até chegar a Moçambique.
As Quedas Vitoria estranguladas entre o Zimbabwé e a Zâmbia, são um dos Highlights de África.
Depois um dia ter pisado aquelo território avassalador, nunca mais a nossa percepção da Natureza é a mesma.
Debaixo de uma chuva permanente causada pela condensação da água da queda, quase não se consegue respirar. Não há coração que não vacile em Victoria Falls. Parte do meu ficou por lá, nesse canto de África.
Alguns registo, poucos porque por cobardia não quis estragar a máquina.
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