quarta-feira, 1 de abril de 2020

O que mais ouvimos nos últimos dias é: achatemos a curva, achatemos a curva, achatemos a curva, até à exaustão.
Mesmo assim, há quem não tenha entendido as recomendações e o significado de um estado de emergência.
A pergunta que todos queremos ver respondida não tem reposta: quando vamos estar bem?
Como vamos sair disto tudo? Será que seremos iguais ao que fomos?
Quando saio de casa, para o estritamente necessário como deitar fora o lixo, deparo-me, estupefacta, com o extraordinário número de pessoas que se passeiam na rua. Pessoas que caminham lado a lado, que para para conversar, que se demoram na  mercearia quando há uma fila cá fora à espera.
Será que vamos voltar a caminhar lado a lado nas ruas? Será que vamos voltar a partilhar o assento do metro, ou agarrarmo-nos com força ao casaco do utente do lado quando o autocarro pára inadvertidamente?
Os meus filhos parecem bastante felizes com este acontecimento. Têm a possibilidade de usufruir sem restrições da companhia dos pais, não têm responsabilidades de maior (além de fazer as actividades propostas pelas professoras). São muito novos ainda para sentirem as angústias das separação da família mais próxima, ou pensarem no que lhes reserva o futuro.
Preocupam-se em construir o seu barco feito de paus e telhas, adornado com folhas das árvores. Aí sentem-se seguros e divertidos, o resto são os escombros dos dias.
Vamos passando, colhendo os frutos que semeámos. Literalmente.
Vamos vivendo, à espera que amanhã esteja novamente sol e que estejamos todos bem. Aprendemos a pedir pouco, a esperar pouco.


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