O regresso é sempre a data mais ambicionada, em contrapartida a partida é sempre a que mais ânsia nos causa. Neste caso, não sei se estou a regressar ou a partir, mas sinto um misto das duas. Vontade de chegar a casa, àquele cantinho à Beira Mar plantado, mas também a ansiedade por partir e não saber o que me esperará quando regressar. Estou quase de partida e não sei se o diga a sorrir ou com semblante triste. Como sou dada a estas coisas de antecipar tudo e estar sempre a horas na estação de caminhos-de-ferro, escrevo este pequeno texto com uma semana de antecedência da minha partida para a Tuga. O balanço deste ano é difícil de fazer, mas diria que foi francamente positivo, quer pelas batalhas que travei e que tive que vencer, pelos caminhos que desbravei, pelo castelo que ajudei a construir, pelas pequenas conquistas do dia-a-dia e pelos novos amigos e companheiros que conquistei nesta jornada. Embora tenha havido muitas coisas que perdi pelo caminho, muitas ausências e muito mar por transpor, que nada poderá alguma vez compensar, a verdade é que me sinto bem neste cantinho tão extremo do Mundo. Fiz dele a minha casa… Como já referi várias vezes, tudo aqui parece estar ao contrário e tudo funciona contra a lógica, mas se me sentasse aqui para vos contar as minhas pequenas “estórias” do surreal Angolano, só abandonaria esta cadeira amanhã. Mas como nem tudo pode ser dito, escrito e comunicado, é preciso desenvolver a capacidade de ler nas entrelinhas. Algumas “estórias” são autênticos devaneios…Em muitas é preciso apenas saber olhar para conhecer! Mas o que levo afinal daqui? Na bagagem de mão, um punhado de recordações, cheiros, “estórias” e uma palete de cores. Levo no porão uma montanha de prendas com o selo Saudade, à espera de serem abertas, levo no coração tudo o resto que não posso contar ou desvendar e que por isso é só meu. Diria que nestes 7 meses ganhei um Mundo Novo!
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