domingo, 10 de fevereiro de 2008

Domingo no Mundo!

Para a minha família e para os amigos Eduardo e Rafael que foram para tão longe

Há uns anos atrás, a minha prima registava em regime cinematográfico, um dia de Domingo em família, mas à boa moda Angolana: à volta da mesa. O documentário intitulava-se “um olho para ver, outro para sentir”. O da minha prima retratava o nosso Domingo, simplesmente assim.
Quando estamos tão longe de casa, tentamos recriar essas memórias que trazemos connosco. Aqui no Huambo também se criam raízes e família.
Este Domingo, fui aprender a fazer um kalulu, prato típico angolano com óleo de palma, quiabos, peixe, beringela e folhas de batata-doce, acompanhado com um belo fungi de mandioca e milho.
Depois de reunir os ingredientes necessários, dirigi-me a casa da mana Lu, para aprender com a mestre.
Vou tentar recriar aqui a minha experiência.
Falando em Umbundo, são necessários os seguintes ingredientes:
- ulele wondende (óleo de palma);
- olossaka (beringela)
- amatiá (tomate);
- peixe (corvina fresca e peixe seco);
- rama de batata doce.

Para a confecção deveremos dispor do lemo (Oluiko e Ochitó), ómbia (panela), Oneca (caneca), onguto (garfo), entre outros.
A tarefa começou por arranjar o peixe, temperado com sal e alho.
Para dentro da panela reunimos os quiabos (uma mão cheia), 4 beringelas, 5 tomates, o peixe, o óleo de palma q.b.


Nota: O óleo pode ser excedentário, porque se pode depois retirar do cimo depois de cozinhado.
Esta mistura põe-se a refogar…
Entretanto a mana Lu, explicava-me que eu sou uma mulher a sério, que o meu homem vai direito para o céu, porque eu já tenho um lemo. Isto é um conjunto composto pelo pau de bater o fungi e uma colher de pau. Como já tenho também um balaio, sou uma mulher angolana completa. É engraçado saber destas tradições. A Colher de pau (Ochitó) serve para servir o pai e o marido, e quando te vais casar é analisado o facto de teres ou não este eficiente trem de cozinha.
Enquanto esperávamos pelo refogado, começámos a peneirar a fuba. Reunimos duas espécies: de milho e bombom (mandioca). Como fizemos mistura, há que executar a tarefa de acordo com os rigorosos critérios da cozinha angolana. Coloca-se numa panela a água até que esta fique morna. Em primeiro lugar coloca-se a farinha de milho, que fica a cozer, como a maizena, até engrossar. Depois quando começar a ferver deita-se a farinha de bombom, para engrossar e dar aquele aspecto de argamassa. Não se pode por primeiro a farinha de mandioca, senão não se consegue fazer a mistura. Também é preciso ter cuidado para que não se criem grumos.

O cheirinho que a cozinha tinha! Já tinha água a crescer na boca e a malta não chegava para almoçar. As cores do refogado e a companhia do meu amigo Nelito, fizeram o resto das delícias.

Depois foi só sentar à mesa, servir no prato e acompanhar com uma cuca. Pena foi ter que vir trabalhar e não podido ficar a jiboiar…

Assim são os Domingos em família no Huambo!


5 comentários:

Vânia Nunes disse...

Ai, nina, vê lá se fazes um kalulu como deve ser quando vieres aos tugas! ;o)

Susana Moreira Marques disse...

Querida, no próximo filme cozinhas tu... Muitas saudades!

Susana Moreira Marques disse...

Querida, no próximo filme cozinhas tu... Muitas saudades!

Palaroide disse...

Qual arroz de espigos, qual carapuça!
Isto sim é classe.
Vê lá se aprendes umas coisas. Ando a precisar de um up grade culinário... Arroz branco, never again!

Luciana disse...

Olá, O jantar é em minha casa, em tua ou em cuba???

Beijinhos