Sempre que passo na Catumbela lembro-me desta música.
Morena de Angola
Chico Buarque
1980
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que a morena cochila escutandoo cochicho do chocalho
Será que desperta gingando e já sai chocalhando pro trabalho
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que ela tá na cozinha guisando a galinha à cabidela
Será que esqueceu da galinha e ficou batucando na panela
Será que no meio da mata, na moita, a morena inda chocalha
Será que ela não fica afoita pra dançar na chama da batalha
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Passando pelo regimento ela faz requebrar o sentinela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que quando ela vai pra cama a morena se esquece dos chocalhos
Será que namora fazendo bochincho com seus penduricalhos
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que ela tá caprichando no peixe que eu trouxe de Benguela
Será que tá no remelexo e abandonou meu peixe na tigela
Será quando fica choca põe de quarentena o seu chocalho
Será que depois ela bota a canela no nicho do pirralho
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Eu acho que deixei um caho do meu coração na Catumbela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Morena, bichinha danada, minha camarada do MPLA
sexta-feira, 25 de julho de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
Há dias de Cacimbo quentes!
Pois é!
Finalmente algo para animar as noites frias do Huambo.
Hoje a minha mãe exclamava no skype: "estás de camisola!"...
mas felizmente há um sr. chamado Paulo Flores que é o rei dos palcos Angolanos, que veio reconfortar-nos com os seus sons de Kizomba e Semba.
Para aprimorar o concerto, entrou em Palco nada mais nada menos que o Eduardo Paím.
Para o meu pai, para o Tio Quim Sequeira (que nos obrigava a ouvir esta música no carro) e para as minhas manas, para quem esta música sempre foi um motivo de riso pegado, o Eduardo tocou de propósito aquela música da vizinha que é boa, é um pito! Lembram-se?
Aqui ficam os registos fotográficos e um registo musical.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Mas porque é que os carros ficam atascados na areia?
Embora não tenha registos fotográficos, isto é, evidências objectivas daquilo que vos vou hoje falar, tenho que vos contar a estória da viagem com maior número de atolamentos da história dos atolamentos.
Tudo isto começou com a célebre e malfadada frase: “e se amanhã fossemos ao Mussulo de carro? Saímos cedinho e tal, fazemos lá praia. Até somos um grupo jeitoso. Já temos cintas”, dizia alguém
Por grupo jeitoso entenda-se 4 pick-ups (4x4), que contavam com nada mais que duas cintas e muito boa vontade.
Alguém, de longa memória, fazia-me recordar o atolamento da minha viatura há uns meses atrás. E regozijava-se com o facto de: “o problema era a condutora!”
Durante toda a viagem pensei “porque será que sempre que aqui venho de carro penso que noutra não me meto?”
Eis que saímos quase cedinho de manhã, na peugada dos nossos companheiros de viagem, que entretanto já estavam em Benfica.
Chegados à primeira bifurcação há que telefonar a quem de direito para estimar as coordenadas. Eis que a resposta, surpreendente, foi “eh pá, estamos atascados!” E eu, no fundo da minha alma só dizia “espero que se a Mitsubishi”.
Mas vitoriosamente, e o timming não podia ser mais preciso, encontramo-nos. As 4 pick ups!
Ainda mais vitoriosamente nos comunicaram: Já tivemos 4 atascansos! E quem atascou: 3 vezes a dita Mitsubishi… afinal em nada a situação estava relacionada com o indivíduo que manuseia o carro, ou talvez esteja, dado que eu só atasquei uma e exclusiva vez. Coisas da vida.
Isto para passados 5 minutos ter chegado a nossa vez. Entretanto os nossos parceiros levantavam poeira no ar, deixando-nos para trás. E um sorriso amarelo nos lábios, causado pela falta de comunicações.
Felizmente alguém construía uma casa e habilmente fabricava os famosíssimos blocos. Ao longe conseguíamos ver que tinham 2 pás. Esta parte coube às donzelas de resolver, mediante a módica e simbólica retribuição de 200 KZ, pelo empréstimo de dois utensílios manufacturados.
Passados alguns minutos, a poeira recuava. Afinal deram pela nossa falta.
Há que escavar e há que empurrar. Claro que fui empurrar!
Mais 1 km à frente, é a vez de um outro veículo se enterrar por completo no mar de areia que parecia envolver-nos por todos os flancos. Enfim, mais uma cavadela, mais um empurrão e a coisa lá se resolveu.
Isto para finalizar o dia a jiboiar na praia… que bem que soube.
O regresso foi quase pacífico e não teria piada alguma se alguém não tivesse ficado quase sem combustível…
Resumindo e concluindo, e agora não vou dar uma de filosofia Darwiniana, mas o macaco não serviu para nada.
Outras aventuras se seguirão, com certeza, que todos lembraremos na posteridade. Certamente ficará célebre a frase: lembras-te daquele dia em que…
Como começam todas as nossas histórias, que são feitas para recordar.
Tudo isto começou com a célebre e malfadada frase: “e se amanhã fossemos ao Mussulo de carro? Saímos cedinho e tal, fazemos lá praia. Até somos um grupo jeitoso. Já temos cintas”, dizia alguém
Por grupo jeitoso entenda-se 4 pick-ups (4x4), que contavam com nada mais que duas cintas e muito boa vontade.
Alguém, de longa memória, fazia-me recordar o atolamento da minha viatura há uns meses atrás. E regozijava-se com o facto de: “o problema era a condutora!”
Durante toda a viagem pensei “porque será que sempre que aqui venho de carro penso que noutra não me meto?”
Eis que saímos quase cedinho de manhã, na peugada dos nossos companheiros de viagem, que entretanto já estavam em Benfica.
Chegados à primeira bifurcação há que telefonar a quem de direito para estimar as coordenadas. Eis que a resposta, surpreendente, foi “eh pá, estamos atascados!” E eu, no fundo da minha alma só dizia “espero que se a Mitsubishi”.
Mas vitoriosamente, e o timming não podia ser mais preciso, encontramo-nos. As 4 pick ups!
Ainda mais vitoriosamente nos comunicaram: Já tivemos 4 atascansos! E quem atascou: 3 vezes a dita Mitsubishi… afinal em nada a situação estava relacionada com o indivíduo que manuseia o carro, ou talvez esteja, dado que eu só atasquei uma e exclusiva vez. Coisas da vida.
Isto para passados 5 minutos ter chegado a nossa vez. Entretanto os nossos parceiros levantavam poeira no ar, deixando-nos para trás. E um sorriso amarelo nos lábios, causado pela falta de comunicações.
Felizmente alguém construía uma casa e habilmente fabricava os famosíssimos blocos. Ao longe conseguíamos ver que tinham 2 pás. Esta parte coube às donzelas de resolver, mediante a módica e simbólica retribuição de 200 KZ, pelo empréstimo de dois utensílios manufacturados.
Passados alguns minutos, a poeira recuava. Afinal deram pela nossa falta.
Há que escavar e há que empurrar. Claro que fui empurrar!
Mais 1 km à frente, é a vez de um outro veículo se enterrar por completo no mar de areia que parecia envolver-nos por todos os flancos. Enfim, mais uma cavadela, mais um empurrão e a coisa lá se resolveu.
Isto para finalizar o dia a jiboiar na praia… que bem que soube.
O regresso foi quase pacífico e não teria piada alguma se alguém não tivesse ficado quase sem combustível…
Resumindo e concluindo, e agora não vou dar uma de filosofia Darwiniana, mas o macaco não serviu para nada.
Outras aventuras se seguirão, com certeza, que todos lembraremos na posteridade. Certamente ficará célebre a frase: lembras-te daquele dia em que…
Como começam todas as nossas histórias, que são feitas para recordar.
domingo, 6 de julho de 2008
O Cacimbo
Em África tudo muda constantemente. Como dizia Luis Vaz de Camões: “Todo o Mundo é Composto de Mudança”. É na natureza que mais se reflectem essas mudanças.
Em Angola há duas estações a Seca e a das Chuvas.
Na estação das chuvas tudo é vida, tudo floresce, tudo é verde da cor da esperança.
A Estação seca, o Cacimbo, tudo se torna castanho, monótono, quase sem vida.
É difícil alienarmo-nos desta paisagem, ela transporta para nós a melancolia de um Inverno.
No Cacimbo não há água. Os rios secam e ao burburinho das águas deixa de estar presente na nossa viagem. No Cacimbo tudo é escasso, mas sempre se vê algo que nos faz lembrar que por baixo desta paisagem de escombros, há uma vida que espera o despontar com as primeiras chuvas.
As queimadas invadem a paisagem. Onde outrora se viam ricos pastos, agora tudo se cobre de castanho e preto. O som do fogo a avançar sobre o espaço é impressionante.
Mas todos sabemos que o Cacimbo dura 6 longos meses. São meses de espera, que nos fazem acalentar a esperança de que tudo irá mudar novamente.
Esperemos pelas primeiras gotas de água.
Em Angola há duas estações a Seca e a das Chuvas.
Na estação das chuvas tudo é vida, tudo floresce, tudo é verde da cor da esperança.
A Estação seca, o Cacimbo, tudo se torna castanho, monótono, quase sem vida.
É difícil alienarmo-nos desta paisagem, ela transporta para nós a melancolia de um Inverno.
No Cacimbo não há água. Os rios secam e ao burburinho das águas deixa de estar presente na nossa viagem. No Cacimbo tudo é escasso, mas sempre se vê algo que nos faz lembrar que por baixo desta paisagem de escombros, há uma vida que espera o despontar com as primeiras chuvas.
As queimadas invadem a paisagem. Onde outrora se viam ricos pastos, agora tudo se cobre de castanho e preto. O som do fogo a avançar sobre o espaço é impressionante.
Mas todos sabemos que o Cacimbo dura 6 longos meses. São meses de espera, que nos fazem acalentar a esperança de que tudo irá mudar novamente.
Esperemos pelas primeiras gotas de água.
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