- Sabes o que me faz mesmo impressão? É a loucura - dizia T para N e E, numa conversa sobre a tristeza humana.
- Incomóda-me a pobreza, mas a loucura... - acrescentava. Ainda outro dia vi uma miuda, novita, louca, completamente nua...
E respondeu com a pergunta: sabes o que lhe aconteceu? foi violada e já ficou assim.
São milhões os pobres em Angola. São milhares os loucos. Avançam sobre uma sociedade silenciosa e pactuante. É demasiado doloroso lidar com essa realidade. O que fazer com todos os despojos da guerra? Ninguém quer responder a esta pergunta. Chamam-lhes danos colaterais.
São crianças sem rosto que vivem na rua e snifam cola e gasolina, adultos que perderam a identidade no meio da loucura em que Luanda se tornou, homens e mulheres chamados X.
Todos nos esquecemos deles, porque sabemos quão terrível pode ser o nosso fim.
Este é o tipo de pobreza mais cruel, pura e dura, sem subterfúgios e máscaras, aquela que ninguém consegue esconder.
Resta a pergunta: o que vamos fazer com os nossos loucos?
Resta a pergunta: o que vamos fazer com os nossos loucos?
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