sábado, 26 de novembro de 2011

às voltas do Equador

Já não escrevia desde as minhas últimas andanças pelo outro lado do Atlântico, mas parecem agora os únicos momentos que me fazem escrever.



Os momentos dos caminhos palmilhados.



Último destino, São Tomé e Príncipe, ou o último paraíso na Terra como também é conhecido.


E para prová-lo, ficam algumas imagens.















E o mais surpreendente é constatar-se que com tão pouco se pode fazer tanto...

E querido Pai, vou voltar com mais fotos e um relato digno de registo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Peru Glu Glu

Vou contar a história sobre um país que existia na minha memória e desapareceu.

Durante anos planeei uma viagem monumental ao Peru. Não que fosse a primeira opção na América latina, mas parecia a mais plausível.

Durante anos plantámos na imaginação os lugares e as pessoas relatados nas Viagens de Che Guevara (Motorcycle Diaries de Walter Sales). Engane-se quem pense que é o mesmo que vai encontrar. De mochila às costas, partimos para uma viagem que acalentou os nossos sonhos...

Nós, os europeus, criámos no nosso imaginário um subcontinente de fantasia, onde o imaginário prevalece sobre tudo o resto. Um subcontinente de aventura, revolucionário, incontestavelmente vindo do país das maravilhas, onde a autenticidade é o mote.

Quando chegas ao Peru na realidade não encontras nada disso.

Encontras sim um país onde o turismo domina todo o espaço. Um país onde te vendem a ideia de ser demasiado perigoso e onde ficas rendido ao mercado incessante dos operadores turísticos que te levam onde todos os outros vão. Chegas a ficar sufocada!

Não vês certamente o que Walter Sales te mostrou, tudo parece isento de autenticidades, excepto os bairros da lata de Lima como alguém fez questão de me lembrar. Obrigada Ricardo por não me deixares esquecer que a miséria existe.

É também verdadeiro o que se sente ao subir a Waina Picchu e ao olhares de cima Machu Picchu, ou veres o cenário de destruição deixado em Pisco pelo terramoto e até a imponência do deserto. É certamente um país magnífico, mas por favor... o Titicaca só existe na tua imaginação!

Não deixo de recomendar Paracas e as Ilhas Ballestas, Cusco e Arequipa. Tudo o resto é paisagem...

terça-feira, 31 de maio de 2011

Volta a Angola em 34 anos

34 anos é muito tempo...Uiiii, tanto tempo.
Em 34 anos dá muito tempo para ter medo, para ter saudades, para desisitir e por fim, ultrapassando tudo isso, regressar e assim regressou a minha família. É tempo para sarar algumas feridas e ganhar coragem. Faz-se o tempo de vontade.







Tudo começou com a minha irmã mais nova, num desafio. Depois a do meio também alinhou. Daí até à mãe também decidir vir, com uma lagriminha no canto do olho que significava "vou voltar a ver a minha terra".Daí até serem comprados os bilhetes e tratados os vistos, já não havia retorno. Agora era para Angola e em força...(mas para uma outra luta).Depois planeei toda a viagem:
- Luanda, para marcar os trilhos, reconhecer locais, (re)ver caras conhecidas;

- tratar do bilhete da mais velha, que tem direito a ser cidadã;

- Benguela, parando nas quedas de água do Sumbe e percorrendo a estrada mais bonita de Angola.

- De Benguela ao Namibe;

- do Namibe ao Lubango;

- do Lubango até ao Huambo;

- do Huambo rumando a Malanje

-e por fim regresso a Luanda.




Tudo isto para cumprir em 2 pequenas semanas, com o único objectivo de suprir afectos. Afectos de lugares que não se esquecem e dos que se tudo faz por se esquecer, de rostos que permanecem nos lugares como que há espera que voltemos ao nosso canto, de árvores e quintais que diminuem de tamanho... de tudo isso e de um pouco de aventura se compôs está viagem. A aventura começou no dia 16 de Abril, pelas 6:00 quando o telefone trinou e uma voz do outro lado avisou: "Chegámos".

Depois de uma noite de kizombas e sentir uma bigorna na cabeça, levantei-me a correr cheia de mau-humor, mas no sentido do cumprimento do dever.


Dirigi-me ao aeroporto 4 de Fevereiro, onde aguardaei durante cerca de 30 minutos pelas princesas.

A partir daqui deixo as imagens falar.


A viagem terminou com um profundo e convicto: "Agora venho cá mais vezes" Ah Sorte...
O primeiro contacto com a terra foi emocionante... Como ainda tinhamos tempo a minha mãe pediu-me para passar nalguns locais.

Foi engraçado ver que passados 34 anos, a partir de um ou dois pontos de referência é possível reconhecer e refazer uma cidade.
Depois da volta de reconhecimento, partimos para Cabo Ledo, afastando a família para bem longe do burburinho e da confusão de Luanda. O tempo estava maravilhoso, o mar convidativo.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

o Mundo em que vivi

Fui criada num mundo dividido em dois. De um lado estavam os bons, os nossos, do outro estavam os maus.
De repente o mundo começou a mudar. Ruiu o Muro de Berlim, deixou de haver União Soviética, depois Jugoslávia. De repente já podiamos jogar Trivial porque não sabiamos como o mundo se chamava.
A partir daí começou a reorganização. Novos países, novos credos, novas políticas. Novos mundos, num mundo tão velho.
Depois as velhas feridas abriram e as guerras começaram: Balcãs, Golfo, Afeganistão, enquanto as guerrilhas continuavam.
Passados 10 anos da desmantelação da União Soviética, caem duas torres. Cairam muitas a seguir.
De repente olho em volta e não reconheço o Mundo em que Vivi.
Se o comunismo falhou, se o Capitalismo faliu, para onde caminhamos nós?
Olho para os Egiptos, Tunísias, Yemens, e não consigo perceber onde e como o Mundo vai parar!
Dou por mim a pensar que falta algo que faça sentido, mas o quê?
Continuo a não reconhecer o Mundo em que vivi...

domingo, 20 de fevereiro de 2011



Que tenho andado desaparecida... é o que mais me dizem.
As novas tecnologias já não são o que eram, o que nos obriga a uma constante actualização do nosso estado de espírito.
Verdade seja dita: primeiro foi o fim de ano, todo ele rotundo. Finalíssimo, a uma sexta-feira. Gosto quando as coisas acabam mesmo no fim, que é quando têm que acabar, assim soube que o ano tinha mesmo mudado. Não porque me obrigavam a engolir uvas passas, ou porque o fogo de artifício iluminava o céu, não apenas e simplesmente por que o ciclo se fechou.
Depois disso, foi passando o tempo e a vontade, fui passando por vários destinos.
Huambo, com as nespereiras e goiabeiras do quintal carregadinhas de fruta!
Soyo, sempre com o mesmo sotaque.
Benguela, com a Caotinha à minha espera.

Luanda, demasiado repleta de tudo... gente, cheiro e agora água.
Assim corre o tempo, entre um pé e o outro.
E também tive que matar saudades da Camba!
Tudo isto requer tempo, tudo isto requer vida.
É preciso estar presente, para existir.