segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Viagens na minha terra

Há uma palavra no dicionário português que eu adoro. Ainda que esta palavra esteja em vias de extinção aqui em Angola, por vezes ocorrem conjugações de factores que acontecem para nos tornar a vida melhor. E a palavra é fimdesemanaprolongado. Sabe tão bem dize-lo, como gozá-lo.
Partimos na sexta-feira, às 04:30, com a mala atulhada com colchões, arca térmica, guitarra, toalhas de praia e um conjunto de coisas que não interessam a ninguém, mas que fazem parte de qualquer viagem que se preze.
Saímos em dois carros, iguaizinhos, rumo a Benguela. O trajecto faz-se por terras distantes e pelas quais não temos vontade de passar muitas vezes, mas ainda assim o objectivo traçado era o de chegar. A viagem é acidentada e apanhamos pontes semi-construídas, outras semi-destruídas, buracos onde cabem dois carros cheios de água e lombas, muitas lombas…

A única coisa que sobra é a paisagem, toda ela a perder de vista.

(km 30 à ida)
Como bons tugas, parámos para saborear o nosso principesco pequeno-almoço, lá para as 06:00. Que bem que soube o respasto da melhor qualidade, um copinho de água e uma sandocha de “la vache qui rit” e uma fatia de goiabada. As cervejinhas foram para mais tarde… reservamo-nos para o melhor do trajecto.


Depois de uns atribulados 350 km e 8 horas de deambulação, chegámos a Benguela. Chegámos, vimos e vencemos! fomos à praia ao Lobito e eis que de repente ao longe se vê uma baleia a passear. Que sensação! É inacreditável. Depois de mergular naquelas águas tépidas e desfutar da luz do sol para nos tisnar a pele... foi a cereja em cima do bolo.
Benguela é a cidade das Acácias Rubras. Em tempos deve ter sido deslumbrante, agora encontra-se rodeada de musseques, que se perdem no horizonte e se confundem com a paisagem. Chegas a um ponto que pensas estar na Cisjordânia ou na Faixa de Gaza. Todas as casas parecem enclausuradas na paisagem, como se dela fizem parte integrante. Imaginem-se num cenário Star wars.

No Sábado fomos para a Baía Azul e a Caota, que são duas praias em Benguela. A água estava maravilhosa e as praias são de tirar a respiração. Mal chegaste já tens vontade de voltar! Um dia de praia completo e sem apanhar escaldão! Fantástico.
Fomos nado até uma praia completamente deserta. Quantas vezes poderás faze-lo na vida?


(Caota) (Baía Azul)


Domingo foi dia de regresso, também ele atribulado, como não seria de esperar outra coisa.
Parte dos nossos companheiros rumaram para Luanda e nós para Huambo.
Toda a parte nocturna da viagem foi acompanhada por uma trovoada espectacular. Os raios caíam do céu em toda a parte e de todos os lados. Tanta energia desperdiçada…

Ao chegar a 30 km de Huambo deparámo-nos com uma ponte caída. Tivemos que voltar para trás e percorrer mais duas horas de caminho. Às 24:00 é um desespero! Só me apetecia gritar, só de pensar nos buracos que tinha que fazer para trás.

Mas todo a sacrifício foi compensado por um fim-de-semana fantástico.
São estes pequenos prazeres que alimentam a vida.
Aqui fica a minha reportagem e o meu contributo.


(km48,8 no regresso)

1 comentário:

Mitchado disse...

Foi com imenso prazer que gozei da vossa companhia em Benguela.Gostei muito das praias da Caotinha, Baia azul e da Restinga no Lobito. Temos de repetir um dia e rumar a um outro destino deserto.
Que sorte que nós temos!Beijos de Luanda e força! Quem sabe se nos vemos neste fim de semana!