quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Viva 2008

Este era o momento certo para a gasta frase "ano novo, vida nova!". No entanto vejo-me na obrigação de fazer uma declaração.
Estando o ano 2008 a findar (faltam apenas 24,5 horas), parece-me que seria este o momento ideal para fazer um balanço.

Mas ainda falta tanto tempo, que vou deixá-lo mesmo chegar ao fim e só depois acrescentar aqui a minha lista de desejos cumpridos e não cumpridos. Talvez até me arrisque em listar aqui as alegrias que 2008 me reservou.


Mas nada disso, vou deixar mais espaço para a imaginação, vou deixar espaço para que o tempo dos sonhos nunca finde. Não vou deixar de contar o tempo, aliás acho que este ano nem vou fazer a contagem decrescente, nem comer as malditas passas (que são odiosas), vou apenas lembrar-me que o dia de amanhã é apenas uma continuação do de hoje. Afinal, os sonhos de ontem não são os de hoje?
Os sonhos são os mesmos, as lutas continuam as mesmas e as convicções também. Para quê comportarmo-nos então como se o Mundo fosse deixar de rodar, o tempo parar e até quem sabe, perder a gravidade! Mudámos de ano, o Pólo magnético não mudou de lugar...
Vou fazer greve ao ano novo. Proponho que este ano contemos antes de 1 até 10! Vamos ver o que acontece?



1, 2, 3, 4...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Malas e malinhas

Há um conjunto de situações que nos deixam suspensos, que nos deixam naquele impasse, completamente absorvidos e expectantes, quase sem respiração, somente a aguardar que o momento aconteça.
Há um de que sou particularmente fã, que é o espaço de tempo em que se fica no aeroporto à espera que o tapete rolante das malas comece a mexer-se...
Já experimentaram observar os outros passageiros? A forma como se mexem, na expectativa de conseguirem o lugar mais próximo do tapete, como se isso fosse acelerar a saída das malas.
A situação é ainda mais fascinante, se se tratar de um aeroporto doméstico de Angola. O único onde há esse aparelho, que nos suspende a respiração, é o de Luanda. Nos restantes, é a velha máxima de "devagar se vai ao longe!".
O aeroporto doméstico de Luanda é demasiado mau, mas tem um tapete rolante novo em folha. O que também é extraordinário, porque ninguém acredita que aquilo vá mesmo funcionar.
Depois de o tapete começar a rolar, há o momento em que todos duvidam se as malas chegarão ou não. Esse é o passo seguinte.
Depois de ver sacos de carvão, malas semi-desfeitas, cestos com fruta (e com o que possam imaginar lá dentro), vê-se uma mole em fúria a tentar agarrar a sua mala, como se isso garantisse alguma certeza, como se assegurasse que tudo o que lá está dentro, foi o que de facto lá colocamos.
Mas a dúvida é persistente... é bonita também.
E assim se vão alimentando os longos períodos de espera num aeroporto de um país emergente

domingo, 7 de dezembro de 2008

Fins-de-semana no Huambo

É triste ser-se pula, nesta terra.
O que começou por ser um desafio e um motivo de convívio, passou a ser um renhido campeonato! Desde tentativas de suborno das nossas jogadoras até ao treinador, formação de claques organizadas e confecção de roupa para o evento, tudo se tranformou e conspurcou o princípio que deveria imperar: o da camaradagem.
Ontem quando chego ao campo de futebol e vejo alguns colegas de trabalho envergando T-shirts cor-de-laranja, tambores e cartazes a dizer "Gostosas", pensei cá com os meus botões "tanta testosterona até deve estorvar".

Equando eles gritavam e batiam nos tambores, quais homens do mato, a entoar as hakas das suas minhotas terras, nós iamo-nos batendo à bola.
Boladas à parte, areia nos olhos, cacetada (que nos somos gajas mas não somos moles) e alguns insultos, o golo lá entrou (nosso claro!).


A equipa vencedora

Deixem lá, para a próxima ganham as Gostosas.
Para comemorar, há que nos juntarmos aos amigos de Luanda que estavam por terras Huambianas a passar o fim-de-semana. Haja gente esquisita, vir ao Huambo passar um fim-de-semana não auspicia nada de bom.
Mas foi um bom reencontro.

Hoje é dia de aniversário: O Nelito fez anos e agora vamos celebrar.
Ganhou uma bicicleta.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Natal, é mais uma ano!

O tempo passou e não tenho tido tempo para o meu cantinho.
Não tenho tido tempo para ver as notícias (nem sabia que na Índia tinha havido atentados), nem para ouvir os amigos, nem para mandar a carta ao Pai Natal (há quem esteja profundamente chateado comigo, por este assunto).
Mas hoje resolvi contrariar tudo e sentar-me em frente a este ecrã, que tem sido o meu fiel amigo nos últimos dias.
Tudo se tem precipitado, principalmente o tempo. Passa demasiado depressa, demasiado rápido, sempre com pressa para chegar a não sei onde e a todo o lado, menos onde interessa.
Noutro dia discutia-se, de forma filosófica, sobre a questão do tempo. Há sempre uma razão científica por trás de tudo, mas há que ouvir quem gosta de pensar.
Também aqui o Natal vai ocupando o espaço. O ano passou a correr e o Natal faz-nos lembrar exactamente isso.
Há iluminação de Natal em todo o lado e custa ver sofrer um desgraçado dentro de um fato de Pai Natal, com uma temperatura exterior de 30ºC e uma humidade de 85%. Mas há sempre quem goste da dar o corpo pela alma.
Aqui não se sente o Natal (nesta altura do ano fico assim). Não há o burburinho das ruas, ocupadas por sons de pan pipes e de vendedores de castanhas. Não há o frio que nos torna mais próximos. Com tanto calor só dá vontade de dizer: chega para lá ou liga o ar condicionado...

Mas apesar de tudo o que nos separa do conceito Natalício, sente-se cá dentro uma vontade de andar às compras, sentir o frio no nariz, entregar presentes em casa dos amigos à última hora. Há também outra coisa, as frases a perguntar quando chegaremos, que têm saudades nossas, que querem ir às compras connosco, que temos que tomar o chá das 5...

o Natal é assim, deixa-me cheia de saudades das coisas com cheiro e sabor a canela.

O Natal é assim, dá-me vontade de ficar a olhar para uma árvore de Natal.





segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Noutro dia recebi uma mensagem que dizia "precisas que te leve alguma coisa?".
A minha resposta, logicamente, só podia ser uma : Castanhas.


Aqui estão elas.

É sempre tempo para um magusto.

domingo, 16 de novembro de 2008

As coisas importantes: As castanhas e as Bandeiras

Sei que já passou o tempo: dia 11/11 já foi. Mas vale sempre a pena falar sobre ele.
Não sei se tem a ver com a repetição dos números, mas coisas realmente especiais aconteceram nesse dia. Também na minha vida.
Em primeiro lugar, se não fosse 11 /11/1975, talvez eu nem existisse... mas por vezes gosto de pensar que fui fruto de uma Revolução.

Antes disso, o meu pai (na altura em que ainda não era meu pai), escondia livros e coisas proibidas em lugares mais ou menos escondidos, e a minha mãe, andava a passear no kimbo com bandeiras. Ambos ficaram depois de 1975, por acrediraem que havia um futuro para a sua terra.

11/11/1975 é a data da independência de Angola. É uma data que sempre desconsegui (fui angolana o suficiente), de perceber. Mas então, a independência já não tinha sido? Eu sei que tudo tem a ver com quem içou a bandeira mais alto, com quem resistiu mais, com quem prevaleceu. Não é arrepiante, ver a nossa bandeira a subir?

Eu consigo imaginar o cenário... não o conseguirei nunca viver, porque nasci 16 meses mais tarde, quando a estação das chuvas já começava a morrer.

Mas sempre que penso nisso, penso na figura de Agostinho Neto.

Segundo a minha mãe, não se podia sair de casa nesse dia, por causa dos tiros...

Sem olhar para o lado histórico, também gosto desta data porque me lembra o S. Martinho e as minhas adoradas castanhas assadas com um bocadinho de manteiga, como a minha avó me ensinou.

Quando era pequena, a minha avó fazia-me castanhas e ficava a ver-me comer. Eu adoro castanhas... ficava sempre com a barriga a doer, mas tão contente.

Há todo um conjunto de memórias que me conduzem a esta data que realmente concluo que deve ser mesmo importante na minha vida.

Felizmente aqui é feriado, mas na rua não cheira a castanha assada.


Que saudades

sábado, 8 de novembro de 2008

É um Espectáculo, sim sr!

Às vezes o impensável acontece e lá fui eu, avessa aos meus princípios anti-futebolísticos, mas aliada a uma causa muito maior que essa e que requeria a minha presença. Pois é fui jogar Futebol!
E mais: ganhámos 4-2!


E aqui fica mais um cheirinho do amigo Sérgio sobre este assunto.

Quando
tu me vires no futebol
estarei no campo
cabeça ao sol
a avançar pé ante pé
para uma bola que está
à espera dum pontapé
à espera dum penalty
que eu vou transformar para ti

eu vou atirar para ganhar
vou rematar
e o golo que eu fizer
ficará sempre na rede
a libertar-nos da sede

não me olhes só da bancada lateral
desce-me essa escada
e vem deitar-te na grama
vem falar comigo
como gente que se ama
e até não se poder
mais vamos jogar

Quando
tu me vires no music-hall
estarei no palco
cabeça ao sol
ao sol da noite das luzes
à espera dum outro sol
e que os teus olhos os uses
como quem usa um farol

não me olhes só dessa frisa lateral
desce pela cortina e acompanha-me em cena
vamos dar à perna
como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos bailar

Quando
tu me vires na televisão
estarei no écran
pés assentes no chão
a fazer publicidade
mas desta vez da verdade
mas desta vez da alegria
de duas mãos agarradas
mão a mão no dia a dia

não me olhes só desse maple estofado
desce pela antena e vem comigo ao programa
vem falar à gente
como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos cantar

E quando
à minha casa fores dar
vem devagar
e apaga-me a luz
que a luz destoutra ribalta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Próxima estacion: Malanje

Dando seguimento à rubrica Próxima estacion, desta vez rumei em direcção a Malanje.
Malanje é uma província e situa-se na região centro Norte de Angola. Com 2.422 km² e que oferece inúmeras possibilidades para um fim-de-semana prolongado, para esquecer que os dias da semana existem, para sair do nosos buraco que se torna por vezes a desculpa da rotina.
O inicio da viagem estava agendado para as 5:00, para quem saía do Huambo. Para quem sai de Luanda um pouco mais tarde. O primeiro objectivo era reunir a equipa completa no Alto Dondo, para depois ir em direcção a Malanje.
O trajecto é simples: Huambo-Alto Hama- Wako Kungo (para abastecer)- Quibala – Alto Dondo- N’Dalatando e por fim Malanje, completando assim cerca de 750 km de trajecto.
Cumprindo o bom rigor português as tropas reuniram-se por volta das 5:00 nas bombas de gasolina do Kapango. Depois de 10 minutos a tentar que me servissem 5 cafés lá consegui. O certo é que eram 6:00 quando deixamos as bombas, estava-se tão bem…



O que dizer da paisagem? Não se consegue falar, porque ela se entranha em nós e vai ocupando as nossa células. Depois tudo em nós é terra vermelha, terra verdejante e espaço aberto.



Vamos entrando pela paisagem, passando por várias localidades que nos agradecem a passagem: é a hospitalidade Angolana.
Chegados ao Alto Dondo mudamos de direcção rumo a Leste.
Passamos por N’Dalatando (que nos tempos de antigamente se chamava Salazar) que é uma cidade ainda muito degradada. Vá-se lá saber se foi o nome que vaticinou triste sina…
Depois, ao chegar ao Cacuso, começam-se a avistar as pedras Negras de Pungo Angondo, que ficam a 35 km de distância, mas que se avistam de uma forma assombrosa na paisagem. O ar fica suspenso…e é só com o olhar que percorremos o horizonte. Passámos ao lado, andámos mais uns km e virámos para Kalandula, por meio de campos completamente minados, que impedem o desenvolvimento da região.
Quantas minas há ainda por desbravar? Quantas já foram activadas por quem apenas passava no caminho para casa? Esses cidadãos têm um nome: cidadão X. São milhares…
Algures a meio do caminho começa-se a vislumbrar as quedas de água de Kalandula, que são as segundas maiores de África. Tempo para tirar umas fotos.
Finalmente chegamos ao Hotel Yolaka, um paraíso no meio de uma vila que é praticamente escombros.
(O descanso dos guerreiros)

Mas nem tudo corre bem… entre a piscina vazia e a possibilidade de dois verdadeiros machos terem que partilhar uma cama de casal, que mais se podia pedir? Apenas que não chovesse. Isso é impossível… a chuva cai aqui com quase tanta intensidade como no Huambo. É bom ouvi-la enroscada na cama.
A noite foi animada, com uma jogatina de poker… mas são sempre os mesmos a ganhar!

(Há que telefonar para casa...)

A noite foi de repouso absoluto! Que bom, dormir ao som da chuva e da trovoada e saber que elas estão lá fora.
O dia 2 foi de deslumbre. Chegámos às quedas de água de Kalandula! São de facto impressionantes pela sua extensão, beleza, força e todo o poder que emana da força da água a cair durante 105 m de altura!

Daqui partimos para as quedas de água de Musselege, bonitas também, mas macias, comparativamente com as de Kalandula.
Aqui reina a paz e o canto dos pássaros que entoa em todos os pontos cardeais.
Não foi possível o tão ansiado mergulho. As águas estavam muito turvas e a presença de uma cobra de 1,5 m em decomposição numa rocha atemorizou os mais audazes.
São as vicissitudes da vida.

De seguida a direcção é Malanje. Dá bastante tempo para dormir mais um bocado dentro do carro.


Malanje surpreende pela positiva: bonita, arranjada, recuperada e com uma esplanada para beber umas cucas.
Infelizmente também no Hotel Palanca Negra a piscina estava vazia…
Regresso ao nosso canto, em Kalandula para mais uma jogatina de poker. Amanhã é dia de ir às compras!
Dia último: destino pedras negras de Pungo Andongo, mas por aquela picada que estava muito má! Essa mesma.
(a verdadeira picada)
É África em todo o lado… floresta por toda a parte, kimbos abandonados à memória dos poucos que por aqui se aventuram, crianças que acenam à nossa passagem e rios que atravessam a picada.
A conversa vai animada: sobre escolhas da vida. Nem todos escolhemos os mesmos caminhos, nem todos temos as mesmas opções.
De Cacuso viramos para Pungo Andongo: ali estavam elas à nossa espera, hoje como há milhões de anos. Vistas de uma forma que mais ninguém antes viu, que é a nossa própria maneira de olhar as coisas.
Subimos ao cimo de uma delas: dizia alguém isto é burgau! Não vêem que é calhau rolado. Incrível, mas parece que a água andou mesmo lá por cima e durante muito tempo.

Depois descemos e fomos ver a “pata” da Rainha Ginga, que por ali passou enquanto fugia dos portugueses. Já há 400 anos atrás havia alguém a dizer Não e a resistir para lembrar que a terra afinal tinha dono.
A vontade era pouca mas tivemos que abalar. Já eram 15:00 e ainda nos faltavam 700 km para chegar a casa, vulgarmente conhecida como Huambo e para o Alexandre, em particular, Luanda.
Graças ao GPS, esse aparelho moderno que nos diz onde estamos no meio do mato, apanhámos uma estrada “alternativa”, a corta-mato, para chegarmos mais cedo ao Dondo. E infalivelmente lá estávamos nós.
Aqui dividimo-nos novamente, para aquilo que foi a pior parte da viagem: 5 pessoas numa BT 50, carregada de gente e de malas.
Cheguei ao Huambo às 22:00, mas com vontade de nunca ter partido de Kalandula e ter ficado enroscadinha a ouvir a chuva e a trovoada.


quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Escrita em dia!

Hoje ensinei o Nelito a escrever.
ele estava muito preocupado com o que o "mano" que foi para Luanda lhe ia dizer, por não ter feito os trabalhos de casa.
Aqui fica a evidência.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Músicas e canções de embalar (ou estórias para outras memórias)

O que vos faz lembrar: a Santa Catarina, Prlim, prlim pepe, ou Indo eu lareu, ou canda farnanda sátama asava palatá?
A mim, traz-me sempre um sorriso à memória. Dá-me tanta saudade...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

a piece of cake


"Let Me Go"

When she walks
She swings her arms, instead of her hips
When she talks she moves her mouth, instead of her lips

I've waited for her for so long
I've waited for her for so long
I've wondered if I could hang on
I've wondered if I could hang on

"Let me go," she said
"Let me go," she said
Let me go and I will want you more
Let me go, let me go
Let me go and I will want you

When she wants
She wants the sun instead of the moon
When she sees
She sees the stars inside of her room
I've waited for her for so long
I've waited for her for so long
I've wondered if I could hang on
I've wondered if I could hang on

"Let me go," she said
"Let me go," she said
Let me go and I will want you more
"Let me go," she said
Let me go
Let me go, and I will want you
"Let me go," she said
"Let me go," she said
"Let me go," she said
Let me go, let me go

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Os nossos espaços

Angola tem muito espaço.
Como dizia José Saramago, em Levantado do Chão, o que mais há na Terra é Paisagem. Angola tem muita paisagem, muito espaço para se estar, se sentir e se crescer.
Pouco espaços são os que achamos que são nossos. Mas são os espaços que ocupamos que garantimos a memória.
Aqui ficam as imagens de espaços e gente que lhes pertence.

(a mulher Africana)
(o quarto das freiras, algures no caminho)

( O Namibe)
(afinal a Tânia conduz)

(os carangejos do Namibe)
(uma ponte)
( e mais um cliché)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Não sei explicar o que se passa no Huambo… parece que passou um furacão que pôs toda a gente com um espírito de loucura angolana.
Como costumo dizer, já ninguém se senta para conversar… mas se chega ao Jango Central começa tudo a tarrachar, até quem menos esperamos.


O que vai safando são os elogios “tu danças bem”, pelo menos leva-se isso daqui.
Como dizia uma amiga de Luanda “O Huambo é que está a dar!”.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Pegadas ou bolas de futebol?

O Domingo na Barragem

Domingo é dia de descanso… depois de Sábado é sempre necessário refazer o corpo e acalmar o espírito, para começa a semana.
Ouviu-se dizer que havia um lugar idílico.
Ouviu-se dizer quer era mergulhável… ouviu-se dizer que valia a pena.
Os despertadores começam a despertar: horas de ir fazer as omeletas, a salada de atum, por a água no congelador e tentar não parecer muito mal disposta.
Às 10:30 já batiam à porta: comé, vamos?
Só mais um bocadinho. Passa a buscar as princesas… as princesas estavam atrasadas (que surpresa).
Lá paras as 11:00 saímos, com os carros apetrechados.
Viajámos durante quase 2 horas, entre uma paisagem seca e queimada, mas o que interessa é que chegámos.
Ao chegar ao local foi preciso desbravar umas pedras (poucas), que se encontravam no meio do caminho. Por fim conseguimos chegar a uma pedra que nos oferecia confiança e espaço para pic-nicar.

Tivemos direito a encontrar umas coisas que nos pareciam pegadas, mas que os mais hábeis biólogos se poderão pronunciar se não é apenas um logro, mas já agora aqui fica uma imagem.
Se era um animal, era grande.


A tarde foi a dormir, até uma pedra granítica pode parecer confortável, até se acordar…
Depois, um passeio até à barragem e hora de voltar.
Ainda fomos premiados com um espectáculo de Oviganjis (palhaços locais), que se encontravam na aldeia de Ngove a animar o Domingo, ou apenas a tentar torná-lo diferente e melhor que os outros dias da semana.

MAS valeu a pena. Para a semana pode haver mais

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Vida no Huambo (parte XXX)

Os meus assíduos leitores (a quem devo desde já dizer que sobejamente agradeço e aprecio a persistência) já deviam estar a estranhar tanta calmaria em terras Huambianas.
A verdade é só uma: falta de tempo para escrever mais, estar mais, ser mais... enfim, os dias passam a correr e as aventuras e desventuras da Diuska cá se vão sucedendo, sem tempo para reportá-las num ecrã de computador.
Como não podia deixar de ser, na senda do programa por mim instaurado e nomeado "porra de vida!", claro que já acordei sem água esta semana!
Abro a torneira da água fria, nada. Silêncio...
abro a torneira da água quente, nada. Um som gutural, parecido com aquele que o nosso estômago faz quando estamos cheios de fome. Sim mais ou menos isso.
Há que ligar para quem de direito, tentando moderar o tom... Fui tomar o pequeno-almoço e esperei.
Passados 15 minutos chega o camião da água. A bomba do camião estava morta e nada parecia ser capaz de a ressuscitar. NÃO!!!!!
Mas com a ambição dos desesperados, lá começou vacilante a encher o depósito de 2.000L que abastece uma casa superpovoada.
Finalmente podia tomar banho.
Abro a torneira da água quente: NADA! Esqueci-me que temos cilindro...
Avanço na água fria (!"$%&()/&%/)=?=?@£), dou uns gritos na banheira e aventuro-me a molhar a cabeça.
Isto quando de repente a água começa a sair por apenas dois dos 1.000 orifícios do chuveiro... estava entupido. E com quê? Terra muita terra... tanta terra que me senti na tentação de partilhar aqui o meu espanto e admiração.
Aqui vão mais umas imagens do que pode ser a vida no Huambo.