sábado, 17 de outubro de 2009

Dia 3 -frequências e bites

Os dias são contados por números.
Números que significam horas, km, coisas, pessoas, decibéis e frequências… tudo o que vemos, fazemos são números de coisas.
Assim, chegámos ao dia 3. Este dia foi o dia de Circles (dos Soul Coughing). Círculos, porque a Terra é redonda, porque as coisas mais preciosas da vida não têm ângulos rectos, e acima de tudo, porquê andar em linha recta quando podes andar em círculos?
Bom, dia número 3, começa numa pousada da Juventude em Pula, na península de Hístria.
Duas adolescentes em fúria conversam em voz alta (depois de uma noite a ranger os dentes, ninguém merece). Como sou mal afamada nestas coisa de mau acordar mandei-as ir pregar para outra freguesia. Tendo em conta que a nossa diferença de idades era superior à metade da minha idade (certamente) obedeceram-me e calaram-se. Depois acenderam a luz: mas que mal fiz eu ao Mundo??
Já não havia mais nada a fazer senão entrar nas sharede facilities da pousada e ir resmungar para o banho de água fria…
Para além de circles, também há uma música que se adequa e me palpita no cérebro, que começa: estou velho, dói-me o joelho, dói-me parte do antebraço….
Depois arriscamo-nos a ir tomar o pequeno-almoço da pousada. Maravilha, virada para o Adriático cheio de adolescentes com borbulhas. Que mais se pode pedir?
Bem abandonamos rapidamente a pousada da Juventude e seguimos em direcção ao centro de Pula.
Uma cidade com uma longa história, que remonta aos tempos do império romano, tendo permanecido sob a custódia de Roma até ao Século 20, tendo sido incluída na antiga Jugoslávia. O Tito sabia o que fazia.
Pula aconselha-se pelo seu belo anfiteatro romano, com capacidade para albergar 25.000 espectadores. Este era um anfiteatro dedicado aos gladiadores. É imponente pelo seu tamanho e bom estado de conservação.
Uma volta rápida pela cidade, porque pagar 20 kunas (3 €) por uma hora de estacionamento não compensa.
Perto de Pula há algumas praias boas para se visitar. O azul do mar é a primeira coisa que se retém. As ilhas espalhadas ao longo da costa, tantas e tão perto que quase lhe chegas com o dedo. Os barcos à vela também preenchem o nosso horizonte. Vontade de mergulhar.

Lição número 1: leva uma colchonete se quiseres fazer praia na Croácia. As praias de calhau rolado calcário ferem as costas…
Lição número 2: não te deixes entusiasmar pela primeira praia que vês: a seguinte é muito melhor.
Lição n.º 3: leva uns chinelos para a água que não te saiam dos pés (esta é para a Parceira que faltou este ano).
Após uma conturbada hora de praia, entre frio e calor, banho de água quase gélida e etc, decidimos que era hora de darmos outro rumo à nossa vida.
Ora, lendo o guia tudo indicava que Labin e Radan eram bons destinos finais. O conselho para fazer a pé os km que separam estas duas cidades é que não era tão aliciante.
Bom, lá fomos nós. Radan primeiro: o mar, que mar! Transparente como os do meu avô.
Uma baía de pedras brancas, com pequenos restaurantes a ocupar a marginal.
Entretanto começou a chover. Abrigámo-nos para o café.
Daí partimos para Labin: parece uma cidade museu. Nas paredes há inúmeras inscrições que nos lembram que estamos numa terra de resistentes ao fascismo italiano. Por todo o lado aparecem as estrelas socialistas a indicar que a casa foi habitada por um membro do partido comunista ou por um resistente ao Duce. Muitos morreram jovens, a prová-lo está o conjunto de estátuas que ladeiam as muralhas.
Muitas das coisas estão escritas em Italiano ainda, conseguindo assim o comum dos mortais de língua latina interpretar o que está escrito.
Labin é uma cidade encantadora, parece saída de um conto de fadas. Em pano de fundo ouvem-se as crianças a ensaiar as músicas. Parece haver muito por trás destas paredes seculares.
Depois de explorar Labin, decidimos retomar a cruzada para Sul. O local mais provável era Rijeka ou perto, Opatjia. Optámos pela segunda. Uma cidade com tons neo-clássicos. Parecia o Estoril!
Ficámos num aparthotel agradável, mas caro (60 €/noite sem pequeno almoço). Em Opatjia fizemos a melhor refeição de toda a viagem. Recomenda-se o restaurante Hemingway que fica do outro lado (mesmo do outro lado) da cidade, junto da marina. É um local reservado, mas com uma cozinha chique. Embora tenhamos comido frango (tal como ao almoço), mas comemos com classe.
É sexta à noite: o que se faz na Croácia??? Nada, pelo menos em Opatjia. Parece que o mau tempo fez com que todos se recolhessem aos aposentos. Embora com fama de boa animação nocturna, só vimos uns bares mal amanhados com turistas de fundo de garrafa e um bar de karaoke, num imponente hotel lá do sítio. Abba??? Nem pensar. Fomos para casa dormir.


1 comentário:

Anónimo disse...

Confesso que comecei por ficar baralhado com as datas das aventuras, em folhetins, e as datas dos posts. Mas consegui, não foi preciso muito esforço, localizar-me. Sabes, uns familiares meus foram à Croácia creio que há cerca de 10 anos. Gostaram muito, das paisagens, das cidades ainda muito destruidas pela criminosa guerrra da destruição da Jugoslávia, das águas límpidas dos mares. Mas, segundo eles, um senão, os próprios croatas, malcriados, autoritários, muito alemães o que muito justifica o que se passou na 2ª guerra mundial. Por aqui, podem aparecer nuvens mas há sempre a esperança de que podemos contribuir para que nasça um sol radiante de que todos beneficiem.
Um beijo amigo
Valdemar Madureira