terça-feira, 24 de março de 2020

Semana 1 - 16/03 - 22/03

Esta foi a primeira semana de isolamento social voluntário.
Por agora cessaram todos os contactos com familiares e amigos, mantemo-nos apenas os 5 em feliz cohabitação nesta casa.
Apesar da insistência da minha mãe, para ficarmos todos juntos optei por não o fazer por dois motivos:
1- A minha mãe, maior de 60 anos e hipertensa, é médica e continua a trabalhar. Está muito mais exposta que nós que estamos em teletrabalho a partir de casa. O mesmo com a minha irmã, embora tenha um risco mínimo de exposição, tem um risco maior que nós. Além dos mais , os miúdos são essencialmente vectores de transmissão, pelo que se estiveram em contacto com o vírus nos últimos dias, podem facilmente transmiti-lo, sem terem sintomas relevantes.
2. Temos um jardim. Ponto final. Ficar até fim de Maio (esperemos nós), com 3 crianças menores de 7 anos em casa fechados é um no-go.
E assim é, estamos isolados em casa, saindo apenas para fazer as compras do dia-a-dia e para apanhar algum ar. As crianças não saem de casa.
O João de todocriaçs, parece estar mais impaciente. É o único que pede para sair e para me acompanhar nas idas à pastelaria.
É dificil negar-lhes coisas pequenas: como um bolo de arroz ou um brigadeiro. Na medida do possível saio para satisfazer as suas necessidades, mesmo estes pedidos mais exigentes.
Ter um jardim ajuda muito, nomeadamente na execução de actividades ao ar livre com as crianças.
Antes de nos fecharmos fomos a um viveiro de plantas para nos abastecermos de plantas, para pormos as mãos na terra e daqui a umas semanas podermos colher alguns frutos.
Os miúdos não ficam muito excitados com esta actividade, mas a tenda Teppi e o ginásio do pai an garagem tem feito maravilhas pela sua sanidade mental.
O mais exigente é dar resposta aos requisitos educativos deles. Todos os dias recebo cerca de 5 emails com actividades a realizar, mais uns 3 de correcções. Obviamente alguma coisa tem que ficar para trás, e isso são as actividades dos mais novos.
Cada dia é uma luta para acordar, pequeno-almoço e preparar para os trabalhos de casa. É um esforço considerável conseguir que tudo isto aconteça de manhã, para poder fazer o almoço.
Esta primeira semana foi caótica: almoços às 15:00, jantares às 21:00. Estar em casa não é em definitivo ter tempo para casa, ou para estar com as crianças ou para estar a sós.
Estar em casa, fechada, não é proporcionalmente linear à frequência do curso de latim que o Frederico Loureço disponibilizou, ou para ler aqueles livros como se fosse adolescente ou para ver aquelas séries de quem todos falam.
Também não há tempo para por conversas em dia. Só por telefone. Carrego o telefone pelo menos 2 vezes ao dia.
As saudades crescem e ainda só passaram alguns dias.
Covid-19, faça o favor de passar e andar. Aqui ninguém te quer.

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